Demanda interna por bens industriais exibe segundo resultado positivo seguido na comparação interanual

Por Leonardo Mello de Carvalho

O indicador de consumo aparente (CA) de bens industriais – definido como produção industrial doméstica, acrescida das importações e diminuída das exportações[1] – cresceu 2,6% na comparação entre janeiro deste ano com o mesmo mês de 2016, o que representou o segundo resultado positivo seguido, após longa sequência de retrações. Já na comparação entre janeiro e dezembro, na série com ajuste sazonal, o indicador recuou 0,9%, devolvendo uma parte do crescimento verificado no período anterior (ver tabela). Por sua vez, a taxa acumulada em 12 meses desacelerou seu ritmo de queda, passando de -8,5% para -7,0%. Ainda assim, quando comparado à produção doméstica, medida pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), cuja taxa ficou em -5,4%, este resultado continua sugerindo um escoamento líquido para o setor externo. Nessa mesma base de comparação, enquanto o volume importado de bens industriais diminuiu 8,7%, as exportações acumularam alta de 5,4% nos 12 meses terminados em janeiro de 2017.

tabela-consumo-aparente

Considerando-se o consumo aparente por grandes categorias econômicas, a comparação entre os meses de janeiro e dezembro, na série dessazonalizada, mostrou resultados heterogêneos. O destaque positivo ficou por conta do setor de bens intermediários, que registrou a terceira variação positiva seguida, avançando 1,1% na margem. Categoria econômica com o maior peso na indústria, seu resultado acumulado em 12 meses (-5,9%) acompanha mais de perto aquele verificado na produção doméstica (-5,5%), evidenciando um efeito mais neutro da contribuição externa. Já o setor de bens de capital apresentou contração de 6,6% em janeiro, refletindo o mau desempenho tanto da produção doméstica quanto das importações. Nas comparações contra o mesmo período do ano anterior, as categorias de bens intermediários e de bens de consumo duráveis destacaram-se com altas de 7,1% e 6,2%, respectivamente.

Com relação às classes de produção, a queda de 0,9% verificada em janeiro foi explicada pelo mau desempenho da extrativa mineral, que recuou expressivos 22,4% sobre o período anterior. Por outro lado, a indústria de transformação registrou avanço de 0,3% na mesma base de comparação. Entre as atividades, a expansão foi pouco disseminada, verificando-se crescimento em apenas sete de um total de 22 atividades, o que levou o índice de difusão[2] para 32,0%. Entre as atividades com maior peso, contribuíram positivamente a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, com alta de 6,9% na margem, e a metalurgia, que registrou expansão de 3,2%. Por outro lado, a fabricação de veículos contribuiu negativamente para o resultado na margem, recuando 12,1% ante o mês de dezembro. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, 13 atividades registraram variação positiva ante janeiro de 2016, com destaque também para a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (+9,8%). Em relação ao resultado acumulado em 12 meses, a fabricação de produtos químicos continua sendo o único setor a registrar variação positiva (+0,7%).

[1] http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=25722&Itemid=383

[2] O índice de difusão mede a porcentagem das atividades que compõem a indústria de transformação, que apresentou aumento na comparação com o período anterior, após ajuste sazonal.

Acesse aqui a planilha completa com os dados do Indicador Ipea de consumo aparente de bens industriais de janeiro de 2017



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Fale com o autor

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *