Carta de Conjuntura Nº 34
Por Maria Andréia Parente Lameiras
A alta de 0,33% no IPCA em fevereiro, beneficiada pela deflação de 0,75% dos alimentos no domicílio, reforça ainda mais trajetória de desaceleração da inflação iniciada no último trimestre de 2016. Esta melhora no ambiente inflacionário vem sendo possibilitada não só pelo forte recuo de preços dos alimentos, como também pelos efeitos da apreciação cambial e do baixo dinamismo da demanda interna. Adicionalmente, a aprovação do teto das despesas do governo e as propostas de reformas importantes enviadas ao Congresso vêm desencadeando um aumento da confiança dos agentes econômicos, que juntamente com a maior credibilidade do Banco Central, está ancorando as expectativas futuras de inflação, mesmo em um ambiente de redução de taxas de juros.
Para o restante do ano, a expectativa é de continuada desaceleração da inflação, especialmente dos preços livres. No caso dos alimentos, as boas projeções de safra e a baixa probabilidade da ocorrência de fenômenos climáticos devem garantir a manutenção deste comportamento mais favorável. Já os serviços se beneficiarão não apenas do baixo dinamismo do mercado de trabalho, como também da alta menor do salário mínimo em 2017 e da própria desaceleração da inflação em curso, reduzindo o componente inercial na composição dos seus reajustes. Por fim, a lenta retomada da economia brasileira, a provável estabilidade do câmbio e a manutenção dos preços das commodities em níveis próximos aos atuais também contribuem para a composição deste ambiente de maior alívio inflacionário.
Dentro deste contexto, com a incorporação dos próximos resultados do IPCA, cujas variações se manterão bem abaixo das registradas no ano anterior, a curva de inflação em 12 meses recuará ainda mais Nos próximos meses. A partir do último trimestre, entretanto, com o fim deste efeito estatístico, o IPCA apresentará uma leve aceleração, sem ultrapassar, entretanto, o centro da meta de inflação. A previsão específica para este ano está sendo elaborada agora pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) e será divulgada em breve.