Por Leonardo Mello de Carvalho e Claudio Hamilton Matos dos Santos
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o produto interno bruto (PIB) avançou 0,8% no primeiro trimestre de 2024, na comparação com o período imediatamente anterior, já livre de efeitos sazonais, sucedendo dois trimestres de crescimento virtualmente nulo. Na comparação interanual, o resultado também foi positivo, com alta de 2,5% sobre o primeiro trimestre de 2023. Com isso, o PIB registrou a mesma taxa de crescimento na comparação acumulada em quatro trimestres. Os resultados vieram de acordo com a previsão divulgada na Nota de Conjuntura no 62 em março deste ano, quando prevíamos 2,3% na comparação interanual, com avanço de 0,6% na margem. Na ocasião, nosso cenário subjacente presumia uma economia caracterizada por um mercado de trabalho ainda apertado, o que, somado às políticas de sustentação de renda do governo, teria como consequência um efeito estimulador sobre o consumo de bens de serviços. Além disso, os indicadores à época apontavam para uma recuperação dos investimentos e da indústria de transformação, ambos favorecidos pelo processo de ajustamento de estoques e por um nível de utilização de capacidade rodando acima da média histórica. Por fim, este cenário também previa um crescimento mais robusto das importações, de modo que as exportações líquidas dificilmente puxariam a economia tanto quanto no ano passado, marcado por desempenho excepcional das exportações.
Entre os setores produtivos, o resultado do primeiro trimestre traz como destaques o bom desempenho do setor de serviços e da indústria de transformação. Vale menção também para o PIB da agropecuária que, embora tenha recuado na comparação interanual, apresentou forte aceleração sobre o último trimestre do ano passado. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias voltou a acelerar, se recuperando da queda na margem observada no período anterior. O resultado reflete um mercado de trabalho ainda aquecido, com dinamismo tanto na criação de vagas quanto nos rendimentos. O PIB do primeiro trimestre também apresentou uma melhora na sua composição, caracterizada por uma forte recuperação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Este resultado veio acompanhado de uma redução das exportações líquidas, explicada em grande medida pelo crescimento das importações. Com isso, o carry-over para 2024 ficou em 1,2% –, ou seja, caso permaneça estagnado ao longo dos próximos três trimestres, o PIB fechará o ano crescendo a essa taxa.