Análise e projeções de inflação

Por Maria Andréia P. Lameiras e Tarsylla Godoy de Oliveira

Ao longo do último trimestre, o cenário inflacionário brasileiro se tornou um pouco mais adverso, marcado por uma nova aceleração dos índices de preços, combinada com a retomada mais forte das medidas de núcleo de inflação. Além do impacto exercido pela alta dos preços dos alimentos no domicílio, os aumentos mais fortes dos bens industriais e dos serviços explicam este quadro de pressão inflacionária mais intensa. De acordo com IPCA, em fevereiro, no acumulado em doze meses, a inflação brasileira registrou alta de 5,1% , repercutindo os reajustes de 7,1% dos alimentos no domicílio, de 3,2% dos bens industriais, de 5,3% dos serviços e de 5,2% dos preços administrados. 

No caso dos alimentos, a inflação deste segmento decorreu, sobretudo, da forte alta dos preços das proteínas animais e do café no mercado internacional, que, conjugada com a depreciação cambial de aproximadamente 17% nos últimos doze meses, gerou um aumento da rentabilidade das exportações, levando ao deslocamento de uma parcela maior da produção doméstica para o exterior. Em relação aos bens industriais, observa-se que, além da aceleração de 21% nas cotações das commodities metálicas em dólar, nos últimos doze meses, a depreciação cambial gerou um forte aumento nos custos de produção, cujo repasse para o varejo vem sendo possibilitado pela expansão da massa salarial. De modo semelhante, diante de um mercado de trabalho que, embora em desaceleração, ainda mostra bastante dinamismo, o aumento dos salários reais vem mantendo não apenas a pressão sobre os custos de mão de obra, mas também a continuidade da expansão do consumo das famílias, o que explica a alta da inflação de serviços. Por fim, em que pese um leve repique na margem e uma taxa de inflação ainda elevada, os preços administrados apresentam uma trajetória de desaceleração nos meses mais recentes, repercutindo os reajustes menos acentuados da gasolina, dos medicamentos e dos planos de saúde.

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