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Contas externas: trajetória favorável em meio à pandemia

Por Andreza Aparecida Palma

De uma forma geral, o desempenho do setor externo tem sido favorável no período da pandemia, com sucessivos superavits na balança comercial. Isso se deve principalmente ao desempenho das exportações, com crescimento de 22,5% na média diária dessazonalizada em relação a janeiro de 2021; à diminuição do deficit em transações correntes do balanço de pagamentos, com o deficit acumulado em doze meses recuando de 1,64% do produto interno bruto (PIB) para 1,33% do PIB em relação a janeiro de 2021; e à retomada do ingresso de investimento em carteira, com variação de 40% em relação a janeiro de 2021.

Contribuem para esse cenário a alta no preço das commodities, a diminuição de viagens internacionais, a recuperação global, a alta na taxa de juros e o câmbio desvalorizado. Apesar da melhora dos fundamentos e de melhoras marginais na sua evolução, a taxa de câmbio brasileira continua sendo destaque negativo por se manter desvalorizada e volátil. Possíveis causas para esse comportamento incluem o risco fiscal e ainda as incertezas sobre a evolução da pandemia no país.

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Boletim de expectativas – Agosto de 2021

Por Estêvão Kopschitz Xavier Bastos

Este boletim apresenta uma compilação de expectativas para diversas variáveis econômicas, coletadas de diferentes fontes. Neste número, são apresentadas previsões para o PIB, IPCA, juros, taxa de câmbio e preços de commodities. A previsão de crescimento do PIB em 2021 passou, desde o início da pandemia, por dois momentos de mudança de patamar: abril do ano passado e entre maio e julho deste ano. Na primeira mudança, a projeção média do Sistema Expectativas de Mercado do BCB passou de 2,5% para 3,5%, nível em que permaneceu por vários meses, para depois declinar para 3,1%, em abril de 2021. Em seguida, a nova rodada de revisões trouxe a projeção média para a taxa de 5,2%, que vigora desde os últimos dias de julho. A projeção para 2022 não se alterou logo depois do começo da pandemia, oscilando em torno de 2,5%; a partir de meados de junho deste ano, no entanto, as expectativas começaram a ser revistas para baixo, com a média caindo para o valor atual de 2,1%.

A evolução esperada da inflação ao consumidor indica que as expectativas de médio e longo prazo estão ancoradas nas metas definidas, apesar da elevação atual da taxa de inflação. De acordo com a mediana das projeções da pesquisa do BCB junto ao mercado, o IPCA de julho deste ano, de 0,96%, terá sido a taxa mensal mais elevada até pelo menos julho de 2023, período no qual ela oscilará entre 0,2% e 0,5%. A taxa acumulada em doze meses alcançará o pico de 9,3% em agosto deste ano e, depois de registrar 7,1% em dezembro, voltará, a partir de julho do ano que vem, para abaixo do limite superior de tolerância da meta de inflação (5,0%), chegando em dezembro de 2022 a 3,9%, ainda acima da meta de 3,5%. Após a definição da meta para 2024, em 24 de junho último, a mediana das expectativas para o IPCA em 2024 e 2025 migrou para a meta de 3,00%, em lugar dos 3,25% em que se encontrava até então, equivalente à meta de 2023, a última que estava definida. O BCB tem reagido à alta da inflação com elevação da Selic e indicações de que o aumento total ao fim do processo de aperto monetário será maior do que o incialmente antecipado. Como decorrência, as taxas de juros de curto, médio e longo prazos têm se elevado, com maior aumento nos prazos mais curtos, como se observa no mercado de DI futuro e na estrutura a termo da taxa de juros (ETTJ) de títulos da dívida pública.

O comportamento dos preços das commodities tem relevância para o nível de atividade e para a taxa de inflação. São apresentadas projeções trimestrais até o fim de 2022 para as quatro commodities que, em conjunto, responderam por 40% das exportações brasileiras no ano passado: soja em grão, minério de ferro, petróleo e açúcar. As projeções para os preços da soja, do ferro e do açúcar indicam que os preços teriam atingido um pico no segundo trimestre deste ano, passando a cair em seguida, permanecendo, no entanto, pelo menos até o fim de 2022, acima dos níveis de 2019. A expectativa para o preço do petróleo é também que pare de subir, mas que permaneça em patamar elevado nos próximos trimestres.

Gráficos 4 e 5

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Indicadores mensais do mercado de trabalho

Por Maria Andreia Parente lameiras e Marcos Dantas s Hecksher

As estimativas próprias de dados mensais apresentadas nesta nota (feitas com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua) indicam que o mercado de trabalho brasileiro começa a mostrar maior dinamismo, repercutindo a retomada do nível de atividade. Embora a taxa de desocupação de 14,3% em maio ainda esteja 1,5 ponto percentual (p.p.) acima da observada no mesmo período de 2020, na margem, observa-se estabilidade da taxa de desemprego. Essa melhora do mercado de trabalho vem se traduzindo na expansão da população ocupada (PO), cujo contingente de 88,2 milhões de pessoas em maio representa um aumento de 5,6% na comparação com maio de 2020 (83,5 milhões). Na margem, o resultado de maio de 2021 mostra uma alta de 1,6% da ocupação ante abril.

Gráficos 1 e 2_Nota9

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Indicador IPEA de FBCF – Maio de 2021 Com bom desempenho em máquinas e equipamentos, investimentos avançam 1,6% em maio

Por Leonardo Mello de Carvalho

O Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aponta um crescimento de 1,6% na comparação entre maio e abril de 2021, na série com ajuste sazonal. Com isso, o trimestre móvel encerrado em maio registrou queda de 19,2%. Já nas comparações com os mesmos períodos de 2020, enquanto maio registrou uma expansão de 0,5%, o trimestre móvel apresentou alta de 20%. O resultado de maio devolve apenas uma pequena parte da forte queda verificada em abril, explicada pelos efeitos das operações envolvendo importações fictas de plataformas de petróleo associadas ao Repetro. No acumulado em doze meses, os investimentos apresentaram crescimento de 7,2%, contra 6,9% no período anterior. Tabela

Gráfico 1

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Comércio Exterior do Agronegócio

Por Ana Cecília Kreter, Rafael Pastre e José Ronaldo de C. Souza Júnior

A balança comercial do agronegócio fechou junho com superavit de US$ 10,8 bilhões. Entre os principais produtos de exportação, destaque para a soja, que segue com crescimento de 25,3% no acumulado do ano e deve fechar 2021 com novo recorde de produção e exportação. Em relação aos estoques mundiais, tanto a soja como o milho vêm apresentando quedas cada vez mais acentuadas. O caráter multifacetado desses dois grãos é responsável pelo aumento da demanda mundial e, por isso, vêm contribuindo de forma direta para o crescimento da produção a cada safra, inclusive no Brasil. No entanto, a produção destes grãos não tem sido suficiente para atender com certa margem ao mercado internacional. A consequência disso é um balanço de oferta e demanda apertado, com alguns países utilizando seus estoques para atender à demanda doméstica. Na contramão desta tendência, encontra-se a China, que não só está entre os maiores consumidores, mas também é o país que detém atualmente a maior parte dos estoques. E, neste caso, a diferença entre milho e soja é que a soja é o único grão na China que os estoques e a produção não atendem à demanda doméstica, o que sinaliza uma boa perspectiva para o produtor rural que está começando a planejar a safra 2021/2022. Em relação aos preços médios, com o mercado internacional de commodities aquecido, os exportadores brasileiros começaram a sentir em junho a recuperação parcial dos preços médios das exportações da maior parte dos produtos do agronegócio, com destaque para a carne bovina, a soja e o milho. Apesar da recuperação, nenhum dos produtos analisados chegou a ultrapassar as máximas históricas.

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Trabalho remoto no Brasil em 2020 sob a pandemia do Covid-19: quem, quantos e onde estão?

Por Geraldo S. Góes, Felipe dos S. Martins e José Antônio S. Nascimento

Esta Nota de Conjuntura se propõe a mensurar o trabalho remoto no Brasil em 2020, com ênfase numa análise do setor público. Para isso, o texto está dividido em cinco seções, além desta introdução. A segunda apresenta os resultados médios observados durante a realização da PNAD Covid-19 ao longo dos meses de maio a novembro de 2020 para o trabalho remoto no Brasil. A terceira, realiza uma desagregação do trabalho remoto em função da atividade econômica à qual o trabalhador estava vinculado, enquanto a quarta se debruça sobre o setor público. Já a quinta seção distribui regionalmente as pessoas em trabalho remoto. Por fim, breves comentários à guisa de conclusão são apresentados na última seção. Não custa destacar que no apêndice desta Nota é apresentado o resultado mês a mês.

Antecipando brevemente os resultados, tem-se que 11% das pessoas ocupadas e não afastadas no país ao longo de 2020 estavam exercendo suas atividades de forma remota. Esses trabalhadores foram majoritariamente compostos por pessoas com escolaridade de nível superior completo, com vínculo empregatício junto ao setor privado, embora não seja possível deixar de observar o ganho de participação do setor público no tocante ao trabalho remoto. Adicionalmente, observa-se, tanto para o setor privado quando para o público, uma forte participação dos profissionais de ensino no contingente de pessoas em home office.

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Finanças públicas estaduais Primeiro quadrimestre de 2021: mais do mesmo ou a consolidação de uma tendência

Por Monica Mora

Os estados conseguiram obter superavit primários mais robustos e, assim, acumular disponibilidades de caixa também no primeiro quadrimestre de 2021, quando se compara ao mesmo período de 2019 e 2020. O superavit primário dos governos estaduais, segundo o conceito abaixo da linha calculado pelo Banco Central do Brasil (BCB), cresceu substancialmente no acumulado de doze meses, elevando-se de 0,08% do produto interno bruto (PIB) em janeiro de 2019 para 0,83% do PIB em maio de 2021. As disponibilidades de caixa, por sua vez, cresceram, em termos da RCL, de 14% no acumulado do primeiro quadrimestre de 2019 para 22,3% no mesmo período de 2021 no agregado do Brasil.

Identifica-se, destarte, a gradual consolidação de uma tendência ao aumento da poupança estadual. Diante disso, há espaço fiscal para os governos estaduais financiarem investimentos com recursos próprios, o que poderá ser uma fonte a mais de estímulo à economia em 2021 e 2022.

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Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI) – abril de 2021

Por Maria Andreia Parente Lameiras

O Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI), calculado pelo Ipea, apresentou variação de 0,43% em abril de 2021, situando-se 0,29 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa registrada no mês anterior. Na comparação com o mesmo mês de 2020, a variação foi 0,19 p.p. menor.

Após a incorporação desse resultado, o ICTI acumula alta de 7,97% nos últimos doze meses, mantendo-se em patamar acima do registrado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas abaixo do observado tanto no Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP) quanto no Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), como mostra a tabela 1.

Tabela 1

Na desagregação entre os oito grupos de serviços que compõem o ICTI, observa-se que, no acumulado em doze meses, a maior contribuição veio dos segmentos demais despesas operacionais e material de consumo, que, juntos, contribuíram com 7,42 p.p., sendo responsáveis por 93% da variação total apresentada pelo índice. No sentido contrário, gasto com pessoal vem afetando negativamente o ICTI, com impacto de 0,88 p.p.

Tabela 2

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Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços

Por Leonardo M. de Carvalho e José Ronaldo de C. Souza Jr.

Os efeitos da segunda onda da Covid-19 sobre o nível de atividade se mostraram menos intensos e com menor duração em comparação com o período inicial da pandemia, no primeiro semestre do ano passado. Parte disso pode ser atribuída a uma melhor adaptação da economia para lidar com as restrições impostas pela redução de mobilidade. Essa adaptação tem sido importante particularmente para o setor de serviços, em que alguns segmentos, cujas atividades são mais dependentes de interação presencial, ainda se encontram em níveis bastante inferiores aos observados no período pré-pandemia. Sua recuperação ao longo do ano deverá ser um importante driver para o crescimento da demanda doméstica. Para maio, a Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea estima que a receita de serviços tenha crescido 1,3% na série sem efeitos sazonais. Com isso, o carry-over para o segundo trimestre ficaria em 0,8%.

Apesar deste cenário mais benigno, a lenta recuperação do mercado de trabalho, principalmente em relação aos trabalhadores de baixa qualificação,1 tem afetado negativamente o consumo de bens e serviços pelas famílias, especialmente nas faixas de renda mais baixas, em que o impacto da aceleração inflacionária tem sido mais severo. Nesse contexto, também caracterizado pelo início de um ciclo de normalização das taxas de juros, o governo decidiu retomar alguns programas que haviam sido encerrados, como o auxílio emergencial e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, ambos com início em abril. Um dos possíveis impactos de curto prazo dessa política de transferência de renda é o aumento das vendas do comércio, que, de acordo com a nossa projeção, deve ter uma alta de 3,9% na margem em maio, com crescimento interanual de 25,8%.

O setor manufatureiro segue num processo de ajustamento dos níveis de estoque, que encerraram o ano passado em patamar bastante inferior ao considerado ideal pelos empresários. Esse fator tem sido importante para compensar a falta de estímulos mais significativos da demanda interna, tendo contribuído positivamente para o resultado do PIB no primeiro trimestre. Alguns segmentos com peso relevante na cadeira produtiva, no entanto, ainda apresentam níveis abaixo do planejado. Na esteira desse processo de recomposição dos estoques e mesmo da demanda, a Dimac estima que a produção industrial de maio tenha avançado 1,4% na série sem efeitos sazonais. Ainda assim, o carry-over para o segundo trimestre ficaria em -2,4%.

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Projeção do valor adicionado do setor agropecuário para 2021

Por Pedro Mendes Garcia, Fabio Servo e José Ronaldo de C. Souza Júnior

A Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, com base nas estimativas para 2021 do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, e em projeções próprias para a pecuária a partir dos dados da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, da Produção de Ovos de Galinha e Leite, revisou a estimativa de crescimento do valor adicionado (VA) do setor agropecuário de 2021 de 2,2% (como divulgado na Nota no 24 da Carta de Conjuntura no 50) para 2,6%. Os principais riscos dessa projeção de crescimento estão relacionados à crise hídrica, que pode prejudicar mais que o previsto a produção vegetal, e às incertezas relativas à oferta e à demanda de bovinos.

Gráfico 1

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