Por Leonardo Mello de Carvalho e Claudio Hamilton Matos dos Santos
O produto interno bruto (PIB), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou crescimento de 0,2% no quarto trimestre de 2024 em relação ao trimestre imediatamente anterior, considerando a série dessazonalizada. Na comparação com o mesmo período de 2023, a economia expandiu 3,6%, resultando em um crescimento acumulado de 3,4% no ano. Esses resultados vieram em linha com as previsões apresentadas na Nota de Conjuntura no 65, publicada em dezembro de 2024 pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, que projetava altas de 0,3% na margem, de 3,8% na comparação interanual e de 3,5% para o acumulado do ano em 2024.
O desempenho da economia no quarto trimestre reflete a desaceleração da atividade econômica ocorrida ao longo dos últimos três meses do ano, influenciada basicamente pelo ciclo de aperto da política monetária iniciado em setembro e pelas altas concomitantes do dólar e da inflação. Em tal contexto, era mesmo de se esperar – já em dezembro último – uma moderação no ritmo de crescimento, conforme antecipamos em nosso cenário.
Já no acumulado do ano, o crescimento de 3,4% do PIB em 2024 teve como pano de fundo principalmente uma pujante demanda doméstica, sustentada pelo dinamismo do mercado de trabalho, pelas transferências de renda por parte do governo às famílias e pelas despesas dos entes subnacionais. Dito isto, mesmo com algum ajustamento de estoques ao longo do ano, e com um nível elevado de utilização dos fatores de produção, uma parcela significativa da demanda interna precisou ser suprida pelo aumento das importações, resultando em uma contribuição líquida negativa do setor externo para o crescimento do PIB. Em contrapartida, a composição do PIB em 2024 revelou uma expressiva participação de componentes tributáveis. O forte crescimento da absorção doméstica no ano (5,3%) teve um impacto positivo na arrecadação de impostos, que encerrou 2024 com alta de 5,5%.