Estudo mostra ameaças à biodiversidade do País
Publicado em 18/02/2011 - Última modificação em 22/09/2021 às 03h59
Estudo mostra ameaças à biodiversidade do País
Comunicado nº 78 aborda a necessidade de expandir conhecimento e conservação da biodiversidade brasileira
Foto: Sidney Murrieta |
![]() |
Técnicos do Ipea em apresentação do Comunicado nº 78 no auditório do Instituto |
O Comunicado do Ipea nº 78, divulgado nesta quinta-feira, 17, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, deu destaque à necessidade de se conhecer e conservar melhor a biodiversidade brasileira, em nível de genes, espécies e biomas. Para apresentar o Comunicado, estiveram presentes os técnicos de planejamento e pesquisa do Ipea Nilo Luiz Saccaro Junior, Júlio César Roma, João Paulo Viana e Albino Rodrigues Alvarez, além do diretor-adjunto de estudos e políticas regionais, urbanas e ambientais, Carlos Wagner Oliveira.
Como parte da série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro, o estudo, segundo Albino Alvarez, vem “construir linhas de pensamento sobre a diversidade do tema com enfoque nas políticas públicas a serem adotadas no Brasil”. A partir dos temas de estudo, foram abordados três grandes aspectos: diagnósticos potenciais nacionais, políticas públicas e negociações internacionais. “Podemos fazer tudo certo, mas a Amazônia pode continuar sofrendo mudanças porque outras nações não fazem o mesmo”, afirmou Albino.
O pesquisador Nilo Saccaro alerta para redução da variabilidade genética dentro das espécies, que compromete os esforços de conservação. Para minimizar as perdas de diversidade genética, algumas ações podem ser realizadas: criação de corredores ecológicos para unir fragmentos remanescentes de vegetação, intercâmbio de indivíduos entre fragmentos, reprodução de espécies em cativeiro e posterior reintrodução de exemplares na natureza, entre outras. O pesquisador ressalta, contudo, que “os conhecimentos genéticos são os mais escassos, pois demandam um alto custo e precisam de tempo para serem obtidos”.
O pesquisador João Paulo Viana apresentou dados sobre o estado de conhecimento e conservação das espécies brasileiras. Do total mundial, estima-se que cerca de 13% das espécies estão presentes no Brasil, e 1.099 destas (627 de animais e 472 de plantas) encontram-se ameaçadas de extinção. “O Brasil apresenta rica biodiversidade, que constitui importante capital natural a ser utilizado no desenvolvimento sustentável do país”, afirmou o pesquisador.
Para o pesquisador Júlio Roma, o conhecimento e a conservação da biodiversidade brasileira, em nível de biomas, têm se desenvolvido bastante nos últimos anos. Um exemplo foi o estabelecimento, a partir de 2009, de um programa de monitoramento dos desmatamentos de todos os biomas brasileiros, à semelhança do monitoramento da Amazônia, realizado desde 1988.
Mas Júlio Roma ressalta que é necessária uma distribuição mais equânime das unidades de conservação (UCs) pelos diferentes biomas, sobretudo aumentando-as em quantidade na Zona Costeira Marinha, Pampa e Pantanal. Sem isso, em função principalmente de alterações causadas pelo homem, o técnico acredita ser “bastante provável que parte considerável do capital natural brasileiro esteja sendo eliminada antes mesmo de se tornar conhecida pela ciência, o que é um desperdício de uma imensa vantagem comparativa para o nosso desenvolvimento sustentável”.
Leia a íntegra do Comunicado do Ipea nº 78: Genes e Espécies e Biomas BrasileirosVeja os gráficos da apresentação do Comunicado do Ipea nº 78