Processo de imunização contra a Covid-19 no Brasil é tema de debate

Processo de imunização contra a Covid-19 no Brasil é tema de debate


Especialistas discutiram aspectos da produção, aquisição e distribuição das vacinas contra o novo coronavírus

O contexto atual de produção e aquisição de vacinas foi tema do webinar Ipea realizado na tarde desta quarta-feira, 18. Intitulado Possibilidades de Produção, Aquisição e Distribuição de Vacinas contra o Novo Coronavírus, o evento contou com a participação da professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP-UFG) e integrante do Grupo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE) da Organização Mundial da Saúde (OMS), Cristiana Toscano, e com o diretor de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura (Diset/Ipea), André Rauen.

Coordenador do debate, o pesquisador Marcos Hecksher ressaltou a importância da vacina para todos os países, em especial, o Brasil, um dos líderes de mortes por Covid-19. “Se dividirmos o atual o número de mortes pelo tamanho da população, nosso risco de morrer em decorrência da Covid-19 é maior do que em 97% dos países do mundo. Dos 193 países com esse indicador disponível, apenas seis são piores do que o Brasil atualmente”, pontuou.

Ao contextualizar o atual momento de desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19, a professora Cristiana lembrou que um mês após a declaração da pandemia, por parte a Organização Mundial de Saúde (OMS), já havia uma primeira vacina candidata a entrar em avaliação clínica em humanos. “Hoje, praticamente onze meses após o início da ocorrência do primeiro cluster de casos de pneumonia, que depois se tornou a pandemia, temos 164 vacinas candidatas em fase pré-clínica e 48 vacinas candidatas em fase clínica, sendo avaliadas em humanos”, disse.

Um dos principais desafios apontados pela professora está na produção de vacinas em larga escala em um espaço curto de tempo. “Além disso, é preciso levar em consideração também a produção e ampliação dessa escala para atender uma demanda global bastante significativa e muito superior a de qualquer outra vacina sendo utilizada de maneira rotineira no mundo”, destacou.

De acordo com Cristiana, o desenvolvimento de vacinas é um processo complexo e trabalhoso, que leva, em geral, um período longo de tempo. “A criação de vacinas é um sucessivo trabalho de tentativa e erro. No início da pandemia conseguimos canalizar um investimento intenso, multisetorial internacional para pesquisa e desenvolvimento de vacinas. Lembrando ainda que este é um desenvolvimento de risco, com alta taxa de falha e baixa taxa de sucesso das etapas iniciais”.

Rauen trouxe ao debate a Encomenda Tecnológica que o Estado brasileiro fez, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para encomendar cem milhões de doses da vacina. A Encomenda Tecnológica, segundo o diretor, é um instrumento jurídico que serve para situações como as quais vivemos hoje, que é o caso específico da pandemia.

Na avaliação de Rauen, no processo de imunização é necessário avaliar a trajetória tecnológica da vacina que está sendo desenvolvida. “As incertezas agregadas ao processo trazem dificuldades efetivas de imunização. É preciso encarar a imunização como um todo e considerar que a eficiência é um dos elementos que temos que levar em consideração. Existe um conjunto de limitações que o fornecedor vai precisar vencer para imunizarmos a população brasileira. A encomenda tecnológica é um instrumento extremamente poderoso para ser usado nessa pandemia e em situações semelhantes futuras”, declarou.


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