Auxílio emergencial supera em 54,5% a perda de massa salarial entre os ocupados

Estudo do Ipea mostra que renda efetiva média do trabalho correspondeu a 90,6% dos rendimentos habituais em setembro no país

O total de rendimentos proveniente do auxílio emergencial, concedido pelo governo federal, alcançou R$ 28,15 bilhões em setembro, o que é 54,5% superior à diferença entre a massa salarial habitualmente recebida e a massa salarial efetivamente recebida (contra 41% maior no mês de agosto). Isso mostra que o papel do auxílio na compensação da renda perdida por conta da pandemia de Covid-19 foi proporcionalmente maior em setembro, apesar de os desembolsos terem sido menores que em agosto.

Os dados fazem parte do estudo Os Efeitos da Pandemia Sobre os Rendimentos do Trabalho e o Impacto do Auxílio Emergencial: os resultados dos microdados da Pnad Covid-19 de setembro, divulgado nesta terça-feira (3) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “O auxílio emergencial foi um pouco menor que em agosto, mas, como a renda efetiva do trabalho continuou se recuperando, essa queda não impactou a renda domiciliar”, afirmou o autor da pesquisa, Sandro Sacchet, economista do Ipea.

Ainda assim, cerca de 4,1 milhões de domicílios brasileiros (6% do total) sobrevivem somente com a renda do auxílio emergencial. De acordo com a Pnad Covid-19 de setembro, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os rendimentos médios efetivamente recebidos foram de R$ 2.154, o que corresponde a 90,6% dos rendimentos habituais (R$ 2.377).

O impacto da pandemia foi maior nos domicílios mais pobres. Em setembro, a renda domiciliar do trabalho entre os de renda muito baixa foi de apenas R$ 372 (somente 71% da renda do trabalho habitual). Ao se analisar todas as fontes de renda – incluindo o auxílio emergencial –, a renda domiciliar média alcançou R$ 1.169, o que representa 133% da renda domiciliar habitual com outras fontes de renda (R$ 876).

Entre as categorias, os trabalhadores por conta própria foram os que tiveram melhor recuperação do nível de renda em setembro, uma vez que receberam efetivamente 78,8% do que habitualmente recebiam (contra 76,7% em agosto), tendo seus rendimentos efetivos médios alcançado em R$ 1.531. O sinal de recuperação pode ser visto no caso dos cabeleireiros, trabalhadores de tratamento de beleza e serviço, que receberam efetivamente 73,7% da renda habitual, auferindo uma renda média de R$ 1.166 (contra 68,6% em agosto).

Enquanto os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam efetivamente 88,1% do habitual, os trabalhadores do setor privado com carteira e funcionários públicos receberam, em média, cerca de 95%.

O levantamento tem recorte por gênero, idade, escolaridade e região. De acordo com a pesquisa, o efeito da pandemia continua maior entre os idosos, que tiveram rendimento efetivo médio do trabalho correspondente a apenas 86,8% do habitual, e menor entre os jovens (92,9%). O impacto segue menor entre trabalhadores com ensino médio completo (90,6%) e com ensino superior (91,8%). Na região Nordeste, a renda efetiva segue em alta, subindo de 89,6% da habitual em agosto para 91,2% em setembro, enquanto na Centro-Oeste ela continua sendo a menos impactada (92,8%).

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