Mulheres jovens de baixa escolaridade são as que mais desistem de procurar emprego

Mulheres jovens de baixa escolaridade são as que mais desistem de procurar emprego


Estudo do Ipea divulgado nesta quinta (20) traz uma análise detalhada do mercado de trabalho no Brasil através de recortes geográficos, etários e educacionais, além de informações sobre massa salarial e informalidade

Os desalentados no Brasil - ou seja, aqueles em idade ativa que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar uma vaga porque perderam a esperança - são, preponderantemente, mulheres, nordestinas, pouco escolarizadas e jovens. Divulgada nesta quinta-feira, 20, a seção de Mercado de Trabalho da Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que metade dos indivíduos que deixaram de procurar emprego por conta do desalento possui apenas o ensino fundamental incompleto. Em relação ao perfil etário, enquanto os jovens entre 18 e 24 anos representam 15% da população em idade ativa, eles correspondem a 25% dos desalentados. Em termos geográficos, o problema é maior na região Nordeste (60% do total nacional).

O estudo aponta que, enquanto no início de 2016 pouco mais de 14% dos que transitavam do desemprego para a inatividade o faziam por conta do desalento, no 2º trimestre de 2018 essa proporção atingiu 22,4%. Esse dado indica que a permanência no desemprego por um período longo, associada a uma taxa de desocupação elevada na economia, está fazendo com que uma parcela cada vez maior dos desocupados desista de procurar emprego. O trabalho mostra ainda que vem crescendo o número de trabalhadores que transitam da ocupação para o desalento em um curto espaço de tempo. Ou seja, após perderem sua ocupação, eles não procuram emprego, ou procuram por pouco tempo e já entram na inatividade.  

A seção da Carta de Conjuntura do Ipea analisa os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE. No segundo trimestre de 2018, o mercado de trabalho manteve uma trajetória de lenta recuperação, refletindo o baixo dinamismo da economia brasileira. Embora a taxa de desemprego venha recuando e os rendimentos reais estejam em crescimento, o cenário de emprego no país vem se deteriorando em alguns aspectos. A queda da desocupação ocorre muito mais devido à retração da força de trabalho do que pela expansão da população ocupada.

Se, por um lado, o número de desocupados vem recuando, por outro, o tempo de permanência no desemprego tem aumentado e vem crescendo a parcela de desempregados cujo tempo de procura por emprego é maior que dois anos. No segundo trimestre de 2018, esse percentual foi de 24%, superior ao registrado nos mesmos trimestres de 2016 (20%) e 2017 (22%).

A análise aponta que o principal aumento da população ocupada vem do setor informal, o que indica uma retomada do emprego em condições abaixo das desejáveis. Entretanto, a economia brasileira também gerou aproximadamente 200 mil novas vagas de emprego com carteira no acumulado em 12 meses até julho. Essa melhora vem refletindo tanto uma diminuição no ritmo de demissões quanto um aumento do número de contratações. Grande parte dessa geração de empregos vem ocorrendo no setor de serviços, que, sozinho, respondeu por 87% do total.

A queda do desemprego no 2º trimestre ocorreu em praticamente todos os segmentos analisados, tanto na comparação com o trimestre anterior, quanto em relação ao mesmo trimestre de 2017. Os maiores recuos foram no Nordeste e Centro-Oeste e para os trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos, com ensino fundamental completo, não chefes de família e residentes em áreas não metropolitanas.

A análise por corte geográfico mostra que, apesar de todas as regiões apontarem rendimentos reais crescentes no 2º trimestre de 2018, a alta observada no Sudeste foi bem acima da ocorrida nas outras regiões. Enquanto o rendimento dos homens continua crescendo em ritmo superior (2,6% no 2º trimestre), o das mulheres voltou registrar variação positiva no mesmo período, alcançando 1,5%, o melhor resultado desde o 2º trimestre de 2017.

Acesse a seção Mercado de Trabalho da Carta de Conjuntura

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