Análise aponta que, mesmo em queda, inflação ainda preocupa

Análise aponta que, mesmo em queda, inflação ainda preocupa

Expectativa é que o IPCA desacelere gradualmente, puxado, sobretudo, por um recuo dos preços administrados e pela consolidação de recuo dos preços livres


Uma pesquisa lançada pelo Ipea nesta segunda-feira, 4 de julho, mostra que, mesmo apresentando uma tendência de desaceleração ao longo do ano, a inflação brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ainda se encontra em patamares pouco confortáveis, mantendo-se bem acima da meta de 4,5% e do teto da banda de tolerância da meta (6,5%). Decorrente, sobretudo, do desempenho de retração dos preços administrados, a trajetória de queda da variação acumulada da inflação em 12 meses foi de 10,8% em maio, contra os 18% registrados em dezembro, refletindo, basicamente, o fim dos fortes reajustes da energia elétrica ocorridos no primeiro trimestre do ano passado.

“Não fica claro se os preços livres irão auxiliar no processo desinflacionário este ano”, aponta o estudo. Mesmo diante de um cenário de significativa redução da demanda, a variação neste setor tem apresentado ligeira alta nos últimos 12 meses, o que repercute não só o aumento dos preços dos alimentos, mas nos efeitos defasados da desvalorização cambial e a resiliência da inflação de serviços.

O grupo de alimentação, de fato, foi o que surpreendeu negativamente entre as classes de despesa componentes do referido índice nos últimos meses, impedindo um recuo mais rápido da inflação ao consumidor. Pressionado pela aceleração dos preços dos produtos in natura e de grãos e cereais, o custo da alimentação no domicílio apresentou alta de 8% no acumulado de janeiro a maio.

Os serviços também têm sido determinantes para a demora na queda da inflação dos preços. Em maio, apresentaram uma alta acumulada de 7,5% em 12 meses contra os 8,1% registrados no mesmo período de 2015 – percentual ainda significativamente elevado, a despeito da rápida deterioração das condições do mercado de trabalho.

Outro grupo que pode dificultar um recuo mais intenso do IPCA nos próximos meses é o de bens de consumo duráveis. Ainda que apontando um bom comportamento da inflação – em torno de 3% ao ano –, os efeitos represados do câmbio e o início do ajuste de estoques na indústria podem gerar alguma aceleração nos preços deste grupo em 2016.

De acordo com o texto, a expectativa é que o IPCA desacelere gradualmente ao longo do ano, puxado, sobretudo, por um recuo mais intenso dos preços administrados e, em menor escala, pela consolidação de um movimento de recuo das taxas de inflação dos preços livres, que seria potencializada pela contração da demanda interna.

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