Os resultados da terceira edição da pesquisa "Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas", realizada a cada dois anos desde 2001 pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, mostram que houve avanços tímidos, mas significativos em ações empresariais que contribuam para superar as desigualdades. Entre as informações, destacam-se o progressivo crescimento da parcela de mulheres no quadro executivo e de gerência das empresas, respectivamente 10,6% e 31%, e a acelerada inclusão das pessoas com deficiência, que hoje já somam 13,5% dos quadros funcionais das empresas pesquisadas. Apesar do crescimento da porcentagem feminina, a mulher ainda é sub-representada em relação a sua participação na população brasileira (51%) e na população economicamente ativa (42,7%). Mais grave, é a situação dos negros, eles compõem apenas 26,4% do total de funcionários, 13,5% do quadro de supervisores, 9% da gerência e 3,4% do quadro executivo. E vale ressaltar que eles representam 46% da população economicamente ativa e representam 48% da população brasileira.
De modo geral, o estudo de 2005 mostra a persistência de um "funil" hierárquico para todo o indivíduo que não for homem, branco, com educação universitária, mais de 45 anos e menos de 56 anos e pelo menos dez anos de empresa. Este é o perfil médio do diretor ou presidente das maiores organizações no país, segundo a pesquisa 2005 (e 2003 e 2001). Um retrato muito distante das características do brasileiro médio, indicando que a igualdade de oportunidades ainda é um ideal longínquo e, para tornar-se realidade, irá demandar um imenso esforço das empresas e de toda a sociedade.
A pesquisa comprova o engajamento cada vez maior do setor empresarial brasileiro nas práticas de responsabilidade social. Mais da metade das empresas pesquisadas disse desenvolver alguma política ou ação afirmativa para favorecer grupos sociais tradicionalmente discriminados no mercado de trabalho. O maior destaque foi dado aos programas para contratação de pessoas com deficiência, mantidos por 41% das empresas. Em seguida vem o apoio, citado por 33% das empresas, a projetos na comunidade para qualificar profissionais oriundos dos grupos usualmente discriminados. No entanto, apenas 4% das respondentes afirmaram ter programas para a qualificação de mulheres e de negros.
A pesquisa é realizada em parceria com o Ibope Opinião e conta com o apoio da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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