O Instituto Ação Empresarial pela Cidadania-PE promoveu, dia 25 de abril, entrevista coletiva com Nathalie Beghin, coordenadora-adjunta da Pesquisa Ação Social das Empresas. Ela apresentou os resultados da primeira etapa do levantamento que o IPEA está realizando no Nordeste e no Sudeste, comentou os principais dados para as duas regiões e antecipou alguns resultados finais para o Nordeste.
Segundo Nathalie Beghin, os resultados da primeira etapa do levantamento revelaram um crescimento de 35% do número de empresas do Nordeste que declararam realizar voluntariamente atividades sociais para a comunidade. "Em 1999, 55% dos empresários da região informaram investir na comunidade; em 2003, este percentual elevou-se para 74%. A Bahia permanece à frente: 76% das empresas ali localizadas realizam ações sociais para além de seus muros. Porém, destaca-se um crescimento significativo das iniciativas em outras localidades da região desde 1999: aumento de 64% no Ceará, de 55% em Pernambuco e de 46% nos outros estados. No Sudeste, a proporção de empresas que atuam na área social é de 71% e Minas Gerais continua sendo o estado líder uma vez que 81% das suas organizações privadas lucrativas promovem algum tipo de atividade social".
Ela lembrou ainda que essa edição da pesquisa também explorou as razões pelas quais as empresas não realizaram, em caráter voluntário, qualquer atividade social em prol das comunidades e o que as levaria a atuar nesse campo. "Em ambas as regiões a maior parte alega a falta de dinheiro para tal (53% no Sudeste e 62% no Nordeste). Em proporção bem menor, há também as que reclamam da ausência de incentivos governamentais (16% no Sudeste e 10% no Nordeste)".
A coordenadora-adjunta ressaltou que nesta edição da pesquisa, investigou-se, ainda, se a empresa fez doações ou realizou ações sociais especificamente voltadas para o combate à fome. "No Sudeste, 28% colaboraram de alguma forma, mas o comportamento variou conforme o setor de atividade, o porte e o estado. No Nordeste, o perfil da atuação dos empresários foi mais homogêneo e esse tipo de ações envolveu 31% das empresas".
Em relação aos resultados finais, ela disse que aumentou um pouco no Nordeste o percentual de empresas que declara realizar habitualmente ações sociais, passando de 55% em 1999 para 60% em 2003. Além disso, a coordenadora da pesquisa revelou que os dados mostram um crescimento significativo no percentual de empresas a afirmar que a realização de ações sociais fazem parte da estratégia organizacional e que essas ações constam de documentos e têm orçamento próprio. Houve um salto de 3%, em 1999, para 14%, em 2003.
Beghin ressaltou que não se pode negar que o setor privado lucrativo no Brasil é um ator importante na implementação de políticas sociais. "Buscar entender como as empresas interpretam e enfrentam a pobreza e a exclusão não significa, necessariamente, uma postura de defesa de seus pontos de vista e muito menos negar a importância dos demais atores sociais. A análise do fenômeno da ação social das empresas busca subsidiar o debate sobre como se definem e delimitam os interesses privados e a ação pública". Ela disse que os resultados finais da pesquisa serão divulgados em junho e possibilitarão apresentar, em caráter inédito, a evolução do comportamento das empresas privadas na área social para as regiões Nordeste e Sudeste.
|