Pedro C. L. Souza, professor da Queen Mary University of London, apresenta os principais resultados de um experimento de campo que avaliou o uso de câmeras corporais por policiais militares catarinenses na interação entre o policial e o cidadão. Ignácio Cano, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, debate o estudo ressaltando a qualidade do estudo, sugerindo novas interpretações para alguns resultados e em possíveis aprimoramentos.

Coletiva de imprensa do lançamento da publicação foi realizada em 31 de agosto de 2021 e contou com a participação de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). 

Na edição de 2020 do Atlas da Violência, produzida pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), são analisados inúmeros e indicadores para melhor compreender o processo de acentuada violência no país. Os dados divulgados referem-se ao período de 2008 a 2018, considerando as informações mais recentes tabuladas pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e divulgadas no site do Departamento de Informática do SUS – DATASUS.

Norte e Nordeste são as regiões que lideram o ranking dos municípios mais violentos do Brasil, enquanto os mais pacíficos estão localizados no Sul e Sudeste. Esse é um dos resultados apresentados pelo Atlas da Violência 2017, que analisou os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, entre os anos de 2005 e 2015.

O ano de 2017 começou evidenciando um problema antigo e que precisa ser mais estudado no Brasil: a violência. A rebelião ocorrida no presídio de Manaus no dia primeiro de janeiro chamou a atenção para as altas taxas de homicídios registradas no país. Com informações segmentadas que permitem análises específicas sobre os aspectos de gênero, etnia, faixa etária e renda, por exemplo, o trabalho mostra contextos precisos sobre a violência em diversas regiões brasileiras. 

O Atlas da Violência 2017 traz análises segmentadas dos homicídios registrados no Brasil entre 2005 e 2015. Um dos dados que mais chama a atenção está na análise dos crimes cometidos contra negros. O técnico de planejamento e pesquisa do Ipea e coordenador do estudo, Daniel Cerqueira, ressaltou a importância desse detalhamento: “Esse problema, que já era severo, já era grave, nas décadas anteriores aumentou ainda mais. Então, a taxa de homicídios contra jovens nesse período aumentou mais de 17%. A taxa de homicídios contra negros aumentou na mesma magnitude”.

Redução da violência é resultado de políticas públicas estaduais e da aplicação do Estatuto do Desarmamento. São Paulo foi o estado com maior diminuição da população jovem no Brasil, o que, consequentemente, leva à diminuição de crimes violentos.

O vídeo aborda o Atlas da Violência 2018 - Políticas Públicas e Retratos dos Municípios Brasileiros, que mostra que 50% das mortes violentas no Brasil estão concentradas em 123 municípios. Entre esses, Queimados, no Rio de Janeiro, e dois municípios baianos: Eunápolis e Simões Filho. Já os menos violentos são Brusque, em Santa Catarina, Atibaia, em São Paulo, e Jaraguá do Sul, também em Santa Catarina.

No quadro de pesquisadores do Ipea desde o ano de 1995, Daniel Cerqueira é doutor em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Em paralelo aos trabalhos de pesquisa no instituto, atuou como professor dos programas de MBA da FGV. A partir do ano de 1999, Cerqueira aprofundou os estudos sobre economia do crime e segurança pública, e teve como trabalho de destaque o Atlas da Violência desenvolvido em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Por sua tese de doutorado, recebeu os prêmios Haralambos Simeonidis, da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec), e o prêmio BNDES de Economia.

Para que a segurança pública tenha de fato uma ação efetiva, o Estado precisa investir em uma reformulação do modelo policial que não vise exclusivamente a repressão. Isso é o que defende o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Daniel Cerqueira. O pesquisador baseia-se em um modelo de segurança que vislumbre a refundação do modelo policial utilizando a repressão qualificada com uso intensivo da informação e da inteligência.