Por Bruna Azevedo, Carlos Henrique Corseuil, Lauro Ramos e Felipe Russo
Nesta nota, analisamos os efeitos da pandemia sobre o nível do emprego no plano setorial do mês de maio até setembro/outubro de 2020, a depender do indicador e da disponibilidade da informação necessária para o seu cômputo. Esse período contempla tanto meses de aplicação de medidas mais restritivas de contenção do novo coronavírus como meses em que algumas delas começam a ser flexibilizadas, de forma que alguns setores começam a se adaptar ao retorno parcial das atividades. Para tanto, lançamos mão dos registros administrativos de admissões e desligamentos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged); de pedidos do seguro-desemprego e de abertura de empresas, fontes que são restritas ao setor formal; e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para incorporar o segmento informal da economia.
Esta análise visa atualizar aquela feita por Corseuil, Ramos e Russo,[1] que se ateve ao início da pandemia, usando dados até maio para a maioria dos indicadores, em que foi constatado um padrão comum a vários setores de um ajuste no emprego concentrado muito mais na contração das admissões do que em elevações de desligamentos. Entre as raras exceções a esse padrão, vale destacar o setor de alojamento e alimentação, que registrava, naquele momento, tanto uma severa contração nas admissões como elevações substantivas nos desligamentos, e por isso despontava como o setor com a pior evolução do emprego.
Nesta nota, mostramos que as informações sobre o setor formal revelam uma recuperação nas admissões para quase todos os setores já a partir de junho, contribuindo para a obtenção de frequentes saldos positivos do nível de emprego formal a partir de julho. O setor de alimentação e alojamento, que havia sido o mais afetado pela pandemia, já mostra sinais de recuperação para o emprego formal entre maio e setembro de 2020. Nesse mesmo período destacamos também as trajetórias de recuperação no emprego formal registradas para os setores da indústria e construção. A PNAD Contínua, que permite o acesso a outros vínculos empregatícios que não os formais, ratifica essa tendência de retomada, sugerindo que o emprego informal seguiu padrão similar ou, no caso de divergência, esta não foi suficiente para eliminar os resultados positivos no segmento formal.