Por Andreza A. Palma
O setor externo continua apresentando dinâmica favorável, mesmo com a persistência de incertezas externas e internas. O saldo comercial em março de 2023 foi de US$ 11 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor das exportações alcançou US$ 33 bilhões, o maior de toda a série histórica, enquanto as importações totalizaram US$ 22 bilhões. Considerando o acumulado até março de 2023, as exportações totalizaram US$ 76 bilhões e as importações, US$ 60 bilhões, resultando em um saldo da balança comercial de US$ 16 bilhões.
Em relação ao balanço de pagamentos, a conta de transações correntes tem registrado sucessivos déficits desde julho de 2022, conforme é o usual para a série brasileira. O déficit em transações correntes para fevereiro de 2023 foi de US$ 2,8 bilhões ante US$ 9,1 bilhões no mês anterior. No acumulado em doze meses, o déficit em transações correntes é de US$54,4 bilhões (2,8% do produto interno bruto – PIB), ante US$ 46,8 bilhões (2,8% do PIB) em fevereiro de 2022. A balança comercial (bens) fechou fevereiro com superávit de US$ 2,5 bilhões ante US$ 3,6 bilhões em fevereiro de 2022. Ainda em relação à balança comercial de bens, as importações líquidas de criptoativos (importações menos exportações) têm se intensificado no período mais recente e, junto com as importações de pequeno valor, contribuído para aumentar a diferença entre o valor calculado pelo BCB e o valor apurado pela Secex. As importações de criptoativos totalizaram US$ 3,0 bilhões em 2019 e US$ 3,3 bilhões em 2020. Já em 2021, o valor saltou para US$ 5,9 bilhões e, em 2022, US$ 7,5 bilhões. No acumulado de 2023 até fevereiro, as importações somam US$ 1,4 bilhões, ante US$ 1,0 bilhão no mesmo período do ano anterior e US$ 804,8 milhões no mesmo período de 2021.

Já quanto à conta capital e financeira, o destaque fica para a série de investimentos diretos no país (IDPs). Apesar da queda recente na margem, a série apresentou trajetória de acentuada recuperação em 2022, atingindo até mesmo os níveis anteriores ao período da pandemia. No acumulado em doze meses até fevereiro de 2023, o saldo atingiu US$ 88 bilhões (4,5% do PIB) – ante US$ 50,2 bilhões (3,0% do PIB) no mesmo período do ano anterior.
Quanto à taxa de câmbio, houve valorização importante no período recente, com a moeda sendo cotada abaixo de R$ 5,00/US$ em 12 de abril de 2023. Considerando ainda os dados disponíveis até 12 de abril de 2023, houve valorização de 3,29% em relação a fevereiro de 2023. As expectativas do relatório Focus apontam para um câmbio de R$ 5,25/US$ em dezembro de 2023 e R$ 5,27/US$ ao fim de 2024. Já a pesquisa coletada pela Bloomberg é mais otimista, com a mediana das expectativas em R$ 5,15/US$ para o final de 2023 e R$ 4,90/US$ ao final de 2024. Como pontos positivos para a dinâmica da taxa de câmbio, há que se destacar o fluxo cambial positivo (houve entrada líquida de US$ 12,5 bilhões no acumulado do ano até março, de acordo com dados do Banco Central do Brasil – BCB) e a recente divulgação do arcabouço fiscal, que tem potencial para diminuir as incertezas internas, sinalizando que haverá cuidado com a trajetória das contas públicas. Além disso, é importante destacar que o dólar vem perdendo valor perante uma cesta relevante de moedas.

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