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Tecnologias de mobilidade ajudam a prever uso de serviços de saúde após relaxamento das medidas de isolamento
Aumento no fluxo de veículos indica que o vírus pode estar circulando com mais intensidade nas regiões metropolitanas e se espalhando a partir delas para o interior
Publicado em 24/06/2020 - Última modificação em 24/06/2020 às 18h51
A partir de dados fornecidos pelo aplicativo de mobilidade Waze, que mostra a intensidade do trânsito de veículos, pesquisadores da Fiocruz observaram que o trânsito em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Manaus e Porto Alegre, cidades que ainda apresentam alto número de contágio e mortes por Covid-19, aumentou cerca de 20% entre maio e início de junho.
Segundo nota técnica divulgada pelo MonitoraCovid-19, sistema criado por Fiocruz e IBGE que integra dados sobre o novo coronavírus no Brasil e no mundo, nessas capitais a população começou a circular antes mesmo do início da flexibilização das medidas de isolamento, adotadas para conter o avanço de casos da doença.
A fim de medir velocidade de trânsito e engarrafamentos, que haviam diminuído desde março, início do isolamento social, os pesquisadores usaram também sinais de localização por GPS de telefones celulares. Entre final de maio e início de junho, houve aumento médio de 20% nos engarrafamentos sobretudo em Manaus e Porto Alegre em todos os dias, incluindo finais de semana.
De acordo com o MonitoraCovid-19, o aumento no fluxo no trânsito indica que o vírus pode estar circulando com mais intensidade nas regiões metropolitanas e se espalhando a partir delas para o interior, o que ocasionaria aumento do número de doentes graves nas próximas semanas.
A análise mostra ainda que, com a curva de casos ainda ascendente, os serviços de saúde das capitais e municípios maiores precisarão atender a população de pequenas cidades, tendência que, se confirmada, aponta a probabilidade de colapso do sistema de saúde nessas capitais.
No período analisado, o registro de informações de município de residência e cidade de internação revelaram que, de um total de 126.037 pacientes, 28.639 precisaram se deslocar, o que representa 22,8% do total de hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
Conforme a nota técnica, nos próximos meses haverá aumento de fluxo de veículos e pessoas nas ruas, com probabilidade de que casos graves da doença demandem cuidados intensivos para populações nessas áreas, o que exige monitoramento por meio de tecnologias e fontes de dados apropriadas, para que possam ser traçadas estratégias seletivas de contenção da circulação de pessoas e veículos.