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COP26: países que compõem mais de 70% do PIB global se comprometem a acelerar a inovação verde

Líderes de 40 países anunciam esforços para aumentar investimentos no desenvolvimento, barateamento e difusão de tecnologias limpas

Flavio Lobo

Reunidos na COP26, em Glasgow, representantes de quatro dezenas de países dos cinco continentes divulgaram o comunicado “Declaração sobre a Agenda de Inovação” (Statement on the Breakthrough Agenda), reforçando seu compromisso de perseguir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C, por meio do desenvolvimento acelerado e ampla adoção de tecnologias verdes. A intenção é reduzir significativamente as emissões de carbono até 2030 e alcançar a marca mundial de carbono zero (emissão e neutralização equivalentes) até 2050.

O plano é priorizar cinco áreas de atividade e inovação que se destacam por sua relevância para o atingimento das metas de redução de emissões – eletricidade, agricultura, siderurgia, transporte sobre rodas e tecnologias do hidrogênio – para garantir que, em cada um desses setores, tecnologias sustentáveis tornem-se viáveis, eficientes e acessíveis em todo o planeta, até o fim desta década. Em conjuntos, esses setores respondem hoje por mais de 50% das emissões globais de carbono, informa o Secretariado de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (UNFCCC).

Além de aumentar investimentos públicos, a ideia é promover sinergias com o setor privado, sinalizando, por meio de políticas públicas, incentivos e parâmetros regulatórios, caminhos decididos e seguros rumo à economia verde. Nesse contexto, crescentes investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e na transição para tecnologias limpas deverão se tornar exigências de mercado.

Segundo estimativa divulgada juntamente com a Declaração, os avanços pretendidos nos cinco setores prioritários até o fim da década poderão gerar 20 milhões de empregos e adicionar US$ 16 trilhões à economia global. E para que a estratégia produza os benefícios socioambientais pretendidos, o documento assinala a necessidade de tornar as novas tecnologias verdes acessíveis para os países em desenvolvimento e levá-las para as regiões mais pobres.

Estados Unidos, China, Índia e União Europeia estão entre os signatários que se destacam por seu peso econômico, geopolítico e como emissores de carbono. Entre as ausências mais significativas, tendo em vista a importância relativa de cada país no esforço global para redução de emissões de carbono, destacam-se países como a Rússia e o Brasil. Mas, a julgar pela frase final da Declaração – “Convidamos todos os outros Estados para integrar esta Agenda de Inovação” –, ainda é tempo.