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Metodologia para formação de equipes diversas é premiada pela ABDE e BID

Baseado em excelência científica, conectividade e diversidade, o método foi desenvolvido por pesquisador do CTS/Ipea em parceria com pares do Cedeplar/UFMG e do IFNMG

A capacidade de combinar conhecimentos pré-existentes e compartilhar modelos mentais para interpretação e resolução de problemas são elementos-chave da inovação. Não por acaso, a formação de equipes é um processo crucial para o desenvolvimento científico e tecnológico e envolve uma série de desafios.

Primeiro é preciso identificar as competências necessárias e encontrar pesquisadores disponíveis e interessados em dedicar parte do seu tempo e dos recursos do seu laboratório para uma missão específica. Outro desafio é incentivar a colaboração entre áreas do conhecimento que usualmente não teriam uma interação “natural”. A interface entre diferentes áreas tem se mostrado um aspecto crucial na resolução de grandes problemas societais.

Finalmente, o terceiro desafio está na construção de redes de pesquisa abertas a pesquisadores(as) que ainda ocupam posições periféricas no campo, seja por questões regionais, de gênero, de etnia ou mesmo de tempo de carreira. Por isso, a formação de equipes diversas requer um esforço adicional para evitar a reprodução do padrão excludente observado no campo científico, que acaba por privilegiar pesquisadores que já concentram recursos financeiros, sociais e simbólicos.

Exatamente por não ser trivial e não seguir regras estabelecidas e já determinadas, o equacionamento de equipes mais inovadoras é uma arte, e tem gerado uma efervescência de opiniões e ideias em todo o mundo. Nesse contexto, o pesquisador Tulio Chiarini do CTS/Ipea, juntamente com Fernanda Cimini, Leonardo da Costa Ribeiro, Leandro Alves Silva do Cedeplar /UFMG e com Carla Pereira Silva do IFNMG, apresentaram uma proposta metodológica desenvolvida para a formação de equipes diversas para inovação para a World-Transforming Technologies (WTT) – fundação latino-americana sem fins lucrativos que tem a missão de promover a inovação como ferramenta para a superação de desafios sociais e ambientais.

Recentemente, a WTT criou o Centro de Orquestração de Inovações da América Latina (COI), inspirado no Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) dos Estados Unidos, para mobilizar os ativos de ciência e tecnologia em direção ao desenvolvimento de missões tecnológicas. Para composição da equipe para as missões tecnológicas, a WTT encomendou uma metodologia baseada em indicadores de excelência científica, conectividade e diversidade (de gênero, cor, região e faixa etária).

O caso WTT aponta para a preocupação crescente de agências de fomento em incentivar atividades científicas e tecnológicas de grupos heterogêneos, podendo ainda gerar um “efeito demonstração” não somente para o setor privado, mas também para às agências públicas de fomento (CNPq, Capes, Finep e Fundações de Amparo à Pesquisa estaduais).

Foi justamente essa metodologia que ganhou o prêmio de segundo colocado na categoria “Diversidade: aspectos gerais e desafios para o desenvolvimento” do Prêmio ABDE-BID de Artigos sobre Desenvolvimento, promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com o apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB), que tem a finalidade de estimular a reflexão acerca dos desafios do desenvolvimento, por meio do incentivo à pesquisa e à elaboração de artigos científicos.

Para acessar coletânea de trabalhos do Prêmio ABDE-BID 2021 – incluindo o artigo "Diversidade e inovação: uma proposta metodológica para a formação de equipes diversas" –, clique aqui.