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China planeja ampliar investimento em C&T em 2024

Gigante asiático pretende injetar 371 bilhões de yuans na área este ano, 10% a mais do que em 2023, visando alcançar sua autossuficiência tecnológica

Rodrigo Andrade

A China planeja aumentar ainda mais seu investimento em ciência e tecnologia (C&T) em 2024. Ao todo, o governo do presidente Xi Jinping quer injetar 371 bilhões de yuans (o equivalente a aproximadamente R$ 262,7 bilhões) na área este ano, 10% a mais do que em 2023, de acordo com proposta de lei orçamentária elaborada pelo Ministério das Finanças da China. 

A proposta foi apresentada na última semana em reunião anual do Congresso Nacional do Povo, em um momento em que a economia chinesa luta para alcançar suas metas de crescimento. Do investimento total proposto, 98 bilhões de yuans seriam destinados à pesquisa básica, um aumento real de 13% em relação ao ano anterior.

O aumento na alocação de recursos públicos em C&T é o maior em cinco anos na China, mas ainda representa uma pequena fração (11%) do total investido pelo país em pesquisa e desenvolvimento (P&D): 3,3 trilhões de yuans, o equivalente a 2,6% do produto interno bruto (PIB) do país; esse número nos Estados Unidos foi de 3,6% em 2020.

A China encontra-se em uma transição estrutural de uma economia baseada em setores há muito estabelecidos — como o mercado imobiliário — para uma de maior ênfase no desenvolvimento de alta tecnologia. A corrida pela supremacia tecnológica com os Estados Unidos é outro fator motivador, sobretudo porque, nos últimos anos, os estadunidenses têm restringido o acesso da China a tecnologias em áreas estratégicas como inteligência artificial, semicondutores e computação quântica, o que tem forçado o país asiático a investir cada vez mais na sua autossuficiência tecnológica.

Há décadas a China financia a ciência e o desenvolvimento de tecnologias de modo consistente, com foco especial nas chamadas tecnologias transversais, que têm potencial de permear e transformar diferentes setores produtivos. O país construiu laboratórios de segurança máxima, atualizou equipamentos e máquinas usadas por pesquisadores, e criou mecanismos para repatriar cientistas no exterior, visando se tornar líder em uma série de atividades econômicas de alta tecnologia.

O recente impulso é mais uma demonstração de compromisso do governo com suas prioridades na área de C&T. "Vamos avançar mais rápido para impulsionar a autossuficiência e a força em ciência e tecnologia", destaca o texto do projeto de lei encaminhado ao Congresso chinês.