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Pesquisadora do Ipea participa de eventos para a 5ª Conferência Nacional de CT&I
Economista Fernanda De Negri, pesquisadora do CTS e diretora de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea, falou sobre o conceito de política de inovação orientada por missão.
Publicado em 23/04/2024 - Última modificação em 02/05/2024 às 17h31
Uma série de eventos promovidos pelo país nas últimas semanas têm reunido pesquisadores, estudantes, autoridades, empresários e representantes da sociedade para refletir sobre os desafios e o futuro da ciência, da tecnologia e da inovação (CT&I) no Brasil. O objetivo é que esses encontros produzam diagnósticos e recomendações que possam ser aproveitados em políticas públicas e ações de governo nos próximos 10 anos, em um documento a ser consolidado na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), marcada para acontecer entre os dias 4 e 6 de junho, em Brasília.
Um desses eventos foi a "Conferência Livre – Inovação Orientada por Missões: contribuições para construção da nova política tecnológica e de inovação brasileira", realizada no dia 16 de abril pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a World-Transforming Technologies (WTT), com o apoio do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). O evento promoveu um debate sobre estratégias capazes de mobilizar empresas, governo e o setor acadêmico para a resolução de problemas do país por meio de metas específicas, as chamadas missões.
A economista Fernanda De Negri, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e diretora de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea, foi uma das palestrantes. No evento, ela falou sobre o conceito de política de inovação orientada por missão, compreendida como um conjunto coordenado de medidas políticas e regulatórias, elaboradas para mobilizar diferentes setores para enfrentar desafios sociais e ambientais, em um prazo estabelecido.
Segundo De Negri, as missões precisam ser bem definidas e ter objetivos claros, além de ampla coordenação do governo. "Seja para desenvolver vacinas contra doenças como a dengue ou reduzir as emissões de carbono no setor agropecuário, as estratégias para alcançar as missões se baseiam em políticas regulatórias, de inovação e financiamento articuladas dentro de um pacote coordenado de medidas", disse. Segundo ela, a coordenação de diferentes agentes de governo para atingi-las será tanto mais eficiente quanto mais claras e específicas forem as missões. “Missões vagas com objetivos genéricos ou mal definidos dificultam a coordenação que governo precisa para conseguir executá-las."
A pesquisadora também participou de outros eventos preparatórios para a 5º CNCTI, como a "Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação", em São Paulo, a "Conferência Temática sobre interação universidade-empresa", e a "Conferência Livre" promovida pela Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) nos dias 11 e 12 de abril. Na ocasião, De Negri debruçou-se sobre aspectos das políticas de financiamento e fomento à pesquisa científica no Brasil e no mundo, e, a partir de dados de outras economias, compartilhou sugestões para melhorar os incentivos para pesquisa e desenvolvimento no Brasil. “A maior parte do investimento em pesquisa no mundo é feita com financiamento público, mas a pesquisa de ponta não cabe mais apenas na universidade”, destacou.
Ao citar instituições voltadas ao desenvolvimento de pesquisa em áreas específicas no cenário internacional, destacou que elas têm, entre outras características, gestão e governança independentes que lhes conferem autonomia. “Essas instituições têm uma escala muito grande. No Brasil fizemos estudo sobre instituições de pesquisa e tecnologia e, de modo geral, temos os laboratórios brasileiros ainda pequenos, situados dentro dos departamentos das universidades, com poucos pesquisadores. Precisamos dar escala à ciência brasileira, a partir de estratégias claras do que queremos com esse financiamento. As conferências são importantes para fazer isso”, reforçou.
Os eventos preparatórios terminam no mês de abril, com a realização de conferências regionais no Espírito Santo, Amazonas, Pernambuco, Paraná e em Goiás. Outras conferências livres também devem acontecer nos próximos dias sobre tópicos como propriedade intelectual, benefícios da ciência para o agronegócio, a contribuição das ciências humanas para o desenvolvimento, a importância de centros e museus de ciência e as implicações da saída de pesquisadores para o exterior.
Para a conferência nacional em Brasília, são esperadas entre 1,5 mil e 2 mil pessoas presencialmente e uma ampla participação pela internet.