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Japão avança para tornar sua pesquisa aberta
Governo investirá ¥10 bilhões em suas universidades para que elas padronizem seus repositórios institucionais e disponibilizem estudos financiados com recursos públicos em acesso aberto até 2025
Publicado em 12/06/2024 - Última modificação em 12/06/2024 às 18h35
Rodrigo Andrade
O governo do Japão disponibilizará cerca de ¥ 10 bilhões (aproximadamente R$ 340 milhões) às suas universidades para que elas padronizem seus repositórios institucionais — sites dedicados a hospedar artigos científicos, seus metadados e outros materiais — e disponibilizem pesquisas financiadas com recursos públicos em acesso aberto. Das cerca de 800 universidades japonesas, mais de 750 possuem repositórios próprios.
A medida segue o anúncio feito em fevereiro pelo Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia de que os pesquisadores que receberem recursos governamentais serão obrigados a disponibilizar os resultados de seus trabalhos gratuitamente em repositórios institucionais a partir de abril de 2025.
O Japão é um dos primeiros países asiáticos a avançar na promoção do acesso aberto na pesquisa e está entre os primeiros no mundo a desenvolver um plano nacional nessa área. A expectativa é que, a longo prazo, o plano melhore a rastreabilidade das informações de pesquisa, estimule parcerias e facilite o desenvolvimento de novas investigações.
A medida segue os passos do Plano S, criado há seis anos por uma rede de agências de fomento e organizações filantrópicas de apoio à ciência conhecida como Coalition S com o objetivo de acelerar a transição para o acesso aberto. Em 2022, os Estados Unidos implementaram uma política de acesso aberto que exige que todas as pesquisas financiadas com dinheiro público sejam disponibilizadas gratuitamente a partir de 2026. No entanto, por lá, muitos pesquisadores estão receosos sobre quem pagará pelo acesso sob a nova política. A preocupação é que o fardo de sua implementação recaia sobre os cientistas.
Também em 2022, o Japão lançou o Jxiv, seu próprio servidor nacional de preprints, versões preliminares de trabalhos científicos ainda não revisados por outros pesquisadores. Seu uso, porém, ainda é limitado, com apenas algumas centenas de artigos publicados na plataforma até agora.
A iniciativa japonesa em ampliar o acesso aberto às suas pesquisas está focada no modelo verde, um tipo de acesso aberto baseado em autoarquivamento — os artigos permanecem fechados para assinantes nos sites das revistas científicas, mas se permite que os autores postem uma versão do artigo em suas páginas pessoais ou em repositórios públicos institucionais.
De acordo com o governo, o acesso aberto dourado — por meio do qual os artigos são disponibilizados gratuitamente na internet tão logo publicados, desde que o autor pague uma taxa de processamento de artigos (APC, na sigla em inglês) — não é viável em larga escala porque o custo para tornar cada artigo aberto seria muito alto para as universidades — estima-se que as APCs estejam aumentando a uma taxa média de 4,3% ao ano.
O plano para migrar suas pesquisas para o modelo aberto e apoiar os repositórios das universidades se dá em meio a uma queda na posição do Japão em termos de produção de pesquisa no mundo. Segundo relatório divulgado em outubro passado, a participação do país entre os artigos mais citados caiu de 6% para 2%, deixando-o em 13º lugar, apesar de ter a quinta maior produção científica no mundo.