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Algoritmo auxilia diagnóstico de transtorno do espectro autista

Ainda em desenvolvimento, ferramenta não deverá substituir o exame clínico, mas fornecer dados que auxiliem na identificação da doença

Rodrigo Andrade

Pesquisadores do Brasil e da Alemanha desenvolveram um algoritmo que pode ajudar a aumentar a precisão do diagnóstico de casos de transtorno do espectro autista (TEA). A ferramenta usou informações de 500 pacientes de 7 a 64 anos de idade disponíveis na Autism Brain Imaging Data Exchange (Abide), base de dados aberta de imagens de Ressonância Magnética Funcional (fMRI) e outras informações de pacientes com casos de autismo considerados severos.

Os pesquisadores transformaram essas imagens — que destacam as regiões do cérebro com maior atividade ao longo do tempo — em mapas de rede neural. Para isso, selecionaram 122 regiões do cérebro. Quando a imagem de fMRI mostrava que duas delas tinham picos de atividade ao mesmo tempo, inferiam que elas estavam se comunicando entre si. Dessa forma, todos os pontos foram conectados, formando uma rede complexa, como uma malha viária.

Eles alimentaram o algoritmo com os mapas — 242 de pessoas com TEA e 258 sem o diagnóstico —, que procurou padrões ligados ao cérebro da pessoa com autismo. A rede neuronal do autista tem um padrão de conexões diferente de pessoas sem a doença. Algumas áreas são hiperconectadas e outras têm conexões mais fracas, alterando o fluxo de informações.

Depois do treino inicial, eles testaram o algoritmo com dados de pacientes que não foram usados no treino, e ele acertou o diagnóstico na maioria dos casos, segundo artigo publicado na Scientific Reports

A nova ferramenta não deverá substituir o exame clínico, mas fornecer dados que podem ajudar equipes multidisciplinares a fazer o diagnóstico. Uma de suas principais vantagens será prevenir erros de diagnóstico, evitando a confusão do autismo com transtornos de sintomas semelhantes, como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno opositivo desafiador (TOD) e transtorno de ansiedade social (TAS). 

O diagnóstico do transtorno do espectro autista é baseado em uma avaliação subjetiva e não há um exame que forneça um resultado preciso. O algoritmo pode ser rodado em computadores comuns: basta instalar o programa e fornecer as imagens de fMRI.