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Pesquisadores usam IA para analisar centenas de políticas climáticas
Das 1,5 mil políticas avaliadas, apenas 63 levaram a reduções nas emissões de carbono
Publicado em 04/09/2024 - Última modificação em 04/09/2024 às 13h50
Um grupo internacional de pesquisadores usou sistemas de inteligência artificial (IA) para analisar centenas de políticas de combate às mudanças climáticas em vários países e identificar aquelas que promoveram reduções significativas nas emissões de dióxido de carbono (CO₂). O estudo encontrou 63 intervenções eficazes em 35 nações, as quais resultaram em uma redução média de 19% nas emissões de carbono, com reduções totais de emissões entre 0,6 bilhão e 1,8 bilhão de toneladas métricas de CO₂.
Os resultados mais expressivos foram alcançados quando duas ou mais políticas foram combinadas, destacando o impacto positivo das abordagens integradas. No Reino Unido, por exemplo, a eliminação gradual de usinas elétricas a carvão foi bem-sucedida porque foi acompanhada por mecanismos de precificação, como a implementação de um preço mínimo de carbono. Na Noruega, a proibição de carros com motores de combustão foi mais eficaz quando combinada com incentivos que tornaram os carros elétricos mais acessíveis.
Para obter esses resultados, os pesquisadores se debruçaram sobre um banco de dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com aproximadamente 1.500 políticas climáticas implementadas entre 1998 e 2022 em 41 países, incluindo os três maiores emissores globais: China, Estados Unidos e Índia. As políticas se enquadravam em 48 categorias, variando de esquemas de comércio de emissões até reformas nos subsídios a combustíveis fósseis.
Os autores combinaram técnicas de machine learning com abordagens analíticas estatísticas para identificar grandes reduções de emissões em quatro setores de alta emissão: construção, elétrico, indústrias e transportes. Eles, então, compararam os resultados com as políticas no banco de dados da OCDE para avaliar quais políticas e combinações de políticas levaram às maiores reduções de emissões.
Em termos das reduções associadas à geração de eletricidade, intervenções de precificação, como impostos sobre energia, foram particularmente eficazes em países de alta renda, mas menos em países de baixa e média renda. No setor de construção, combinações de políticas que incluíam a eliminação gradual e a proibição de atividades emissoras mais do que dobraram as reduções resultantes da implementação dessas políticas individualmente. A tributação foi a única política que alcançou reduções de emissões quase iguais ou superiores quando implementada isoladamente — em vez de em combinação com outras políticas — em todos os quatro setores.
Na avaliação dos autores, os resultados indicam que os efeitos da maioria das políticas climáticas têm sido modestos até agora. "As políticas existentes precisarão ser reavaliadas e ajustes serão necessários", afirmaram.