Seção de Notas |
2007 . Ano 4 . Edição 32 - 7/3/2007 Pesquisa Andréa Wolffenbüttel
O álcool na crista da onda A insegurança quanto ao fornecimento e ao preço do petróleo tem entusiasmado investidores a aplicar recursos em álcool combustível. O setor se destaca entre os que buscam financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - e tem sido atendido. O volume de recursos liberados deu um salto de quase 250% entre 2004 e 2006. Isso porque o BNDES constatou, em seus estudos, que para atender à demanda crescente do mercado interno será necessário elevar a produção dos atuais 17 bilhões de litros ao ano para 25 bilhões. Para alimentar as máquinas das usinas, a produção de cana-de-açúcar, de 425 milhões de toneladas, deverá atingir 685 milhões na safra de 2012-2013. Mais. O banco prevê que os preços do petróleo permanecerão elevados. E que o interesse pelo álcool aumentará, em todo o mundo, devido à preocupação com os efeitos ambientais negativos da queima de combustíveis fósseis. Assim, o Brasil tem a oportunidade não apenas de produzir para o mercado interno, mas também para exportação, já que registra o menor custo e a maior produtividade do planeta. Bom para a balança comercial. Resta saber se interessa ao país se transformar num latifúndio de cana e soja e cristalizar seu papel de exportador de commodities no cenário internacional. Agropecuária Melhor para o Brasil Ao contabilizar o que significaria a abertura de seu mercado agrícola diante de um acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC) que implicasse numa reforma do sistema de subsídios, economistas da União Européia (UE) previram redução de 25% no número de propriedades agrícolas na Europa nos próximos quinze anos. Segundo eles, o Brasil será o país que apresentará maior crescimento em produção e exportação até 2020. Isso porque, nos últimos trinta anos, a população mundial aumentou em 1 bilhão de pessoas - a maior parte em países em desenvolvimento - e, nos próximos quinze anos, essa gente terá renda maior e consumirá mais soja, açúcar, frango e carne bovina. Para aumentar a competitividade de seus produtos no mercado externo, os europeus pretendem cortar, a partir de 2008, os subsídios à exportação e o reembolso aos produtores que não conseguem vender o que colhem.
500 milhões de computadores fora de uso. Essa é a quantia que a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) acredita que exista na Europa. A entidade pretende reciclar esses equipamentos e usá-los em programas de inclusão social em países em desenvolvimento
Fique ligado A Eletrobrás estima que, por usarem máquinas e instalações antigas ou inadequadas, as indústrias brasileiras desperdiçam um terço da energia que demandam. O setor comercial poderia economizar até 18, 9% se renovasse seus equipamentos. Da mesma forma, famílias poderiam pagar contas 25% menores. Essa avaliação é feita no ano do 22º aniversário do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). Tratase de um selo que identifica produtos eletroeletrônicos eficientes e econômicos. Pelo que se vê, ainda tem muita gente que não busca o selo antes de decidir a compra. Mesmo assim, a Eletrobrás estima que, desde a criação do Procel, a energia poupada corresponde ao consumo total do estado do Rio Grande do Sul durante um ano. Sinal de que o sistema funciona e merece atenção, especialmente neste momento, em que as contas de luz acabam de ser reajustadas. Combater o desperdício de energia faz bem ao orçamento e ao meio ambiente. Portanto, fique ligado! Efeito estufa O problema não é só dos ricos Em 1997, quando a Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas apresentou o documento que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto, ela propôs que os países industrializados se dispusessem a reduzir, voluntariamente, suas emissões de dióxido de carbono (CO2). Passados nove anos, o Relatório de Desenvolvimento Humano 2006, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), também ligado à ONU, constatou que os países em desenvolvimento respondem, atualmente, por mais da metade do CO2 jogado na atmosfera. Mais especificamente, 153 países emergentes foram responsáveis por 51, 8% das emissões de dióxido de carbono em 2003, resultante da queima de combustíveis fósseis;das emissões de gases em refinarias, plataformas de petróleo, indústrias e aterros sanitários; e da construção civil. Nesse grupo, os maiores poluidores são China, Rússia e Índia - todos com taxas aceleradas de crescimento econômico há pelo menos seis anos. O Brasil até que se sai bem. Responsável por 2, 9% das emissões históricas, respondeu por 5% do gás carbônico lançado na atmosfera em 2003, sendo que 75% desse total é resultante de desmatamento. Na outra ponta, países ricos arcam com 46, 5% da responsabilidade pelo aquecimento global, sendo que os Estados Unidos são campeões absolutos em emissão de gás carbônico.
Fonte: Human Development Report 2006/Pnud Comércio exterior Cadê as pequenas? Notícias sobre confecções de biquínis, produtores de mel e fabricantes de programas de computador, que freqüentam feiras internacionais e fecham contratos de exportação, dão a impressão de que os pequenos empreendedores brasileiros, finalmente, encontraram o caminho dos portos. Um levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), entretanto, mostra que, entre 2005 e 2006, a participação das pequenas empresas nas exportações recuou de 51, 6% para 45, 8% - dado que revela concentração dos negócios em companhias de maior porte. Isso em se tratando do número de empresas, pois em termos de faturamento as disparidades são abissais: as grandes corporações ficaram com 91, 2% do bolo em 2006. O movimento segue direção contrária à verificada em países desenvolvidos, em que pequenos e médios empreendimentos chegam a responder por mais da metade do faturamento com o comércio internacional. Ainda assim, os integrantes do ministério estão otimistas, pois acreditam que 2007 será um ano de recuperação. Pesca Salve a lagosta
por chefs e gourmets de todo o mundo, a lagosta brasileira está coorendo risco. Em vinte anos, o número de embarcações lagosteiras em atuação no nas águas do Brasil saltou de 1, 5 mil para 5, 9 mil. A concorrência está levando os 11 mil pescadores que se dedicam à captura do crustáceo a pegar animais pequenos próximos à costa, e com isso, além de diminuírem seus ganhos, põem em risco a sustentabilidade do negócio. Para resolver o problema, o governo estabeleceu um plano de redução gradual da pesca. Em 2007 e 2008 o número de armadilhas utilizadas por dia será de 40 milhões (metade do que se permitia no ano passado). Em 2010 o limite baixará para 30 milhões. A medida foi definida pelo Comitê de Gestão para o Uso Sustentável da Lagosta, composto por representantes da sociedade civil e do governo. Espera-se que, com o tempo, o porte dos animais e a produtividade da pesca aumentem. |