Seção de Giro |
2010 . Ano 7 . Edição 63 - 19/11/2010 Desaceleração A atividade industrial brasileira perdeu ritmo em junho registrando 51,8 pontos percentuais contra 54,9 em maio. O destaque negativo foi das micro e pequenas empresas, que ficaram com índice abaixo dos 50 pontos percentuais (49,1). Os números foram divulgados no final de julho pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a sondagem industrial de junho, a utilização da capacidade instalada ficou abaixo da registrada no mês anterior, com 48,5 pontos percentuais contra 50,3 em maio. As micro e pequenas empresas também apresentaram queda nesse quesito, com desempenho de 46,1 pontos percentuais em junho contra 48,4 em maio. No segundo trimestre deste ano, a indústria operou com 75% da capacidade instalada, um ponto percentual acima do registrado no trimestre anterior. Comparado ao segundo trimestre de 2008, antes da crise econômica, o percentual está dois pontos abaixo.
Depois de registrar resultado negativo em maio, as contas do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) voltaram a ter superávit em junho. Segundo números divulgados em julho pelo Tesouro Nacional, o superávit primário do Governo Central somou R$ 631,5 milhões no mês, contra déficit de R$ 517,9 milhões em maio. No primeiro semestre, houve superávit de R$ 24,8 bilhões, cerca de R$ 6,3 bilhões a mais que o registrado no mesmo período do ano passado, quando esse valor tinha sido de R$ 18,5 bilhões. Em junho de 2009, o Governo Central havia registrado déficit primário de R$ 618,2 milhões. Para cumprir a meta de superávit primário de R$ 40 bilhões até agosto, o Governo Central terá de economizar R$ 15,3 bilhões nos próximos dois meses. Caso não consiga alcançar a meta, o governo terá de recorrer ao mecanismo que permite o abatimento de gastos com obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Parte do resultado observado nos seis primeiros meses do ano deve-se à aceleração dos gastos, que subiram 18,2% de janeiro a junho, mais do que a alta de 17,2% observada no mesmo período de 2009. O crescimento foi puxado pela alta nos investimentos, que totalizaram R$ 20,6 bilhões na primeira metade do ano e avançaram 71,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. As despesas com custeio (manutenção da máquina pública) cresceram 22,4% no primeiro semestre deste ano, praticamente no mesmo ritmo observado nos seis primeiros meses de 2009, quando a expansão havia sido de 22,7%. Os gastos com pessoal desaceleraram e cresceram 8,4% de janeiro a junho, contra 21% registrado no mesmo período do ano passado. Apesar da alta no acumulado do ano, os investimentos encerraram o primeiro semestre com desaceleração. O crescimento, que havia sido de 116% até março, caiu para 89% em abril, 80% em maio e encerrou junho em 72%.
A previsão oficial de crescimento da economia em 2010 saltou de 5,5% para 6,5%. Os números foram divulgados, em junho, pelo Ministério do Planejamento, que liberou o relatório de avaliação de receitas e despesas do terceiro bimestre. A nova estimativa está no limite mínimo previsto pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O relatório também revisou para baixo a projeção da inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que caiu de 5,5% para 5,2%. A média da taxa Selic (que mede os juros básicos da economia) aumentou de 9,19% para 9,6% ao ano.
A Previdência Social registrou déficit de R$ 2,78 bilhões em junho, acumulando resultado negativo de R$ 22,83 bilhões nos seis primeiros meses do ano, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Previdência Social. Em junho, a arrecadação do Regime Geral da Previdência Social, que envolve as áreas rural e urbana, foi de R$ 16,580 bilhões, contra R$ 16,563 bilhões em maio, com variação de apenas 0,1%. No mesmo mês de 2009, a arrecadação atingiu R$ 14,2 bilhões. A arrecadação acumulada da Previdência no primeiro semestre deste ano ficou em R$ 95,477 bilhões, aumento de 10% sobre o mesmo período do ano passado, que ficou em R$ 86,822 bilhões. As despesas entre janeiro e junho ficaram em R$ 118 bilhões, contra R$ 109 bilhões em 2009. A arrecadação da Previdência urbana foi de R$ 16,1 bilhões em junho, uma pequena variação positiva sobre maio e bem acima da arrecadação apurada no mesmo período de 2009, que foi de R$ 14,2 bilhões. No meio rural, a arrecadação em junho ficou em R$ 384,9 milhões contra R$ 426,3 milhões em maio e R$ 441 milhões em junho do ano passado.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu fixar em 4,5% o centro da meta de inflação para 2012. A margem de variação da meta de inflação de 2012 é de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. O CMN também confirmou em 4,5% o centro da meta de inflação para 2011. O CMN decidiu também manter em 6% ao ano a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para o terceiro trimestre deste ano. O secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, explicou que o CMN considerou a meta de inflação de 4,5% e o risco País de 150 pontos para manter em 6% a TJLP. De acordo com o sub-secretário, o risco país é uma mistura da média dos últimos meses, com a expectativa futura. Para fixar a TJLP, o governo trabalha com o horizonte de um a dez anos, que corresponde ao período da maior parte dos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A TJLP é a taxa utilizada pelo BNDES para corrigir os financiamentos e é fixada a cada três meses pelo CNM. A agropecuária deverá crescer 5,4%. Para o setor de serviços, a previsão passou de 4,7% para 5,3%. A projeção de expansão para a indústria passou de 8,3% para 11,6%, com ênfase na revisão da estimativa para a construção civil (de 10,1% para 13,3%). A estimativa para o crescimento da indústria de transformação passou de 8,2% para 12,3%. Considerada a ótica da demanda, a estimativa para o consumo das famílias aumentou de 6,1% para 7,2%, enquanto a estimativa relativa ao consumo do governo cresceu 0,3 p.p., para 3,2%. A expansão do investimento deve chegar a 17,1%, ante 15,7% na projeção anterior, feita em março.
O Banco Central (BC) revisou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB - soma dos bens e serviços produzidos no país em um determinado período) de 2010 de 5,8% para 7,3%. A estimativa faz parte do Relatório Trimestral de Inflação divulgado no final de junho. "Esse aumento da projeção está em linha com resultados divulgados no primeiro semestre do ano e reflete melhora generalizada dos indicadores de atividade, sejam pela a ótica da produção ou pela da demanda", explica o documento fornecido pelo BC. No primeiro trimestre, o PIB cresceu 9% em relação ao mesmo período de 2009, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o BC, a acomodação observada em abril na atividade industrial e nas vendas do comércio varejista não é um indicativo de alteração na tendência de crescimento. O BC cita também dados de abril do seu indicador sobre o nível de atividade econômica (IBC-BR), que "reforça as perspectivas de continuidade do ciclo de expansão em que a economia se encontra." Para a instituição, esse desempenho já incorpora o impacto negativo esperado pela antecipação de compras registrado no primeiro trimestre do ano, devido ao final da desoneração fiscal para compra de veículos e outros bens duráveis. |