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2011 . Ano 8 . Edição 65 - 05/05/2011 Estudo Os gastos sociais no Brasil contribuem para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a redução das desigualdades, apontou o Ipea no Comunicado nº 75. Segundo o estudo, que usou como base dados de 2006, cada R$ 1 gasto com educação pública gera R$ 1,85 para o PIB, e o mesmo valor investido na saúde gera R$ 1,70. Foram considerados os gastos públicos assumidos pela União, pelos estados e municípios. Por sua vez, quando se calcula o tipo de gasto social que tem o maior efeito multiplicador na renda das famílias, em primeiro lugar aparece o Programa Bolsa Família. Para cada R$ 1 incluído no programa, a renda das famílias se eleva 2,25%. "A título de comparação, o gasto de R$ 1 com juros sobre a dívida pública gerará apenas R$ 0,71 de PIB e 1,34% de acréscimo na renda das famílias", acrescenta o Comunicado, intitulado Gastos com política social: alavanca para o crescimento com distribuição de renda. O levantamento afirma ainda que 56% dos gastos sociais retornam ao Tesouro na forma de tributos.
O Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) sobre saúde, divulgado em fevereiro pelo Ipea, aponta que, na opinião de 28,9% dos entrevistados no Brasil, os serviços públicos de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são muito bons ou bons. Proporção semelhante dos entrevistados (28,5%) opinou que esses serviços são ruins ou muito ruins, enquanto 42,6% os consideraram regulares. Os resultados mostram que os serviços do SUS são mais bem avaliados por aqueles que costumam utilizá-los, quando comparados com aqueles que não os utilizam. Segundo o estudo, entre aqueles que tiveram alguma experiência com os serviços do SUS nos últimos 12 meses, a proporção de opiniões de que esses serviços são muito bons ou bons foi maior (30,4%) do que entre o outro grupo (19,2%). O SIPS indicou também que o atendimento pela Equipe de Saúde da Família (80,7% das respostas) e a distribuição gratuita de medicamentos (69,6%) são os serviços mais bem avaliados. Já os problemas mais mencionados são a falta de médicos (58,1%), a demora para atendimento nos postos ou centros de saúde ou nos hospitais (35,4%) e a demora para conseguir uma consulta com especialistas (33,8%).
Em 2020, o Brasil terá entre 1,5 milhão a 1,8 milhão de engenheiros. A previsão está no Boletim Radar nº 12, uma edição especial sobre mão de obra no Brasil e crescimento, divulgado em março, em Brasília. O estudo mostra que a demanda por engenheiros no país deve continuar crescendo e a estimativa é de que em 2020 o Brasil precise de 560 mil a 1,16 milhão de engenheiros, dependendo do crescimento econômico do país. Embora a quantidade de engenheiros formados até 2020 seja suficiente para suprir a demanda prevista, há o gargalo do desvio ocupacional. Em 2009, apenas 38% dos formados em engenharia estavam no mercado nas suas ocupações típicas. Ou seja: seis em cada dez engenheiros atuam em outras funções que não engenharia. Em 2020, a previsão é de que esse número aumente para 45%. É possível que, em alguns setores como construção civil, mineração, petróleo e gás, haja um gargalo na oferta de profissionais, caso a economia cresça a níveis muito altos. O Radar aponta como soluções de curto prazo para a escassez de mão de obra qualificada de engenheiros o aumento de salários, a retenção dos profissionais em vias de se aposentar, o retorno dos já aposentados para reduzir o problema da falta de experiência, a capacitação e treinamento. Já para as medidas de longo prazo, o destaque foi para o investimento em educação, com políticas de ampliação da oferta no sistema educacional e a garantia de formação básica com qualidade, a fim de aumentar o numero de jovens aptos para o ensino superior e o mercado de trabalho. Desigualdade I O Comunicado Desemprego e desigualdade no Brasil metropolitano, divulgado em fevereiro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que mais da metade dos desempregados das seis principais regiões metropolitanas do país (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife) fazem parte da população mais pobre. De acordo com a pesquisa, a participação relativa dos desempregados pobres no total de desemprego aberto no mês de dezembro, em 2005, era de 66,9%. Embora tenha havido uma queda significativa em 2010, os pobres no Brasil ainda representam mais da metade dos desempregados, correspondendo a quase 55% do total. Apesar dessa desigualdade no desemprego, a desocupação no país está em queda. Houve um aumento na ocupação e notou-se, também, aumento real do rendimento do conjunto dos ocupados. Entre dezembro de 2005 e 2010, o número de desempregados caiu 31,4%, e o número de ocupados cresceu 12,7. Os dados primários analisados são da Pesquisa Mensal de Emprego, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Pesquisa do Ipea aponta que 23,7% do total de desempregados no Brasil acusaram a não qualificação como maior causa do desemprego. O problema é mais grave nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A pesquisa amostral contou com 2.770 entrevistas e mostrou que o avanço da formalização do mercado de trabalho não vem sendo acompanhado como deveria pela garantia de direitos trabalhistas. O levantamento aponta que 37,2% dos entrevistados com emprego formal disseram enfrentar situações de risco à saúde ou de morte no trabalho, mas menos da metade destes, 43,2%, informaram receber remuneração adicional por insalubridade ou periculosidade. O estudo, que faz parte do Sistema de Indicadores de Percepção Social, destaca ainda o baixo percentual de pessoas que buscaram instituições para denunciar assédio sexual e moral no ambiente de trabalho: 2,5%. A principal reclamação dos trabalhadores nestas denúncias se relaciona com discriminação por idade.
O Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) sobre mobilidade urbana, divulgado em janeiro pelo Ipea, informa que 44,3% da população brasileira tem no transporte público seu principal meio de deslocamento nas cidades. Na região Sudeste, o percentual atinge 50,7%. Apesar da importância desse tipo de transporte, a quantidade de ônibus em circulação no Brasil cresceu menos, de 2000 a 2010, que a quantidade de veículos particulares. Hoje, há um ônibus para cada 427 habitantes e, em 2000, era um para 649 pessoas. Em relação aos carros, hoje existe um automóvel para cada 5,2 habitantes, enquanto há dez anos essa proporção era de 8,5. No geral, 69% dos cidadãos disseram que enfrentam engarrafamentos. De cada três brasileiros, dois tiveram a percepção de que a sinalização de trânsito é ruim. Em relação à segurança, 32,6% declararam que não se sentem seguros nunca ou se sentem apenas raramente no meio de transporte que mais utilizam. |