2011 . Ano 8 . Edição 69 - 21/11/2011
Foto: Sidney Murrieta
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Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais
A Dinte é a mais nova diretoria do Ipea. Sua criação está estreitamente vinculada à nova inserção do Brasil no cenário mundial. O coordenador geral da Diretoria, Marcos Antonio Macedo Cintra, fala sobre as atividades do setor na entrevista a seguir.
Desenvolvimento - Como se organiza a Dinte?
Cintra - Ela está organizada em uma coordenação-geral (Coordenação-Geral de Pesquisa em Relações Econômicas e Políticas Internacionais – Cgint), três coordenações de pesquisas e uma coordenação que realiza e acompanha os acordos de cooperação e intercâmbio com órgãos e entidades públicas ou privadas internacionais de planejamento e pesquisa. Três coordenações ficam em Brasília – Coordenação de Estudos em Relações Econômicas Internacionais (Corin), Coordenação de Estudos em Instituições e Governança Internacional (Cogin), Coordenação de Intercâmbio e Cooperação Internacional (Coint) – e uma no Rio de Janeiro – Coordenação de Estudos em Comércio Exterior e Política Comercial (Cecex). A equipe da Dinte está composta por vinte técnicos em Brasília e cinco no Rio de Janeiro. Contamos ainda com o apoio de oito bolsistas presenciais, três estagiários, um estatístico, três assistentes administrativos e uma analista de sistemas.
Desenvolvimento - Quais seus objetivos?
Cintra - A partir da elaboração do planejamento estratégico do Ipea em 2008, foram definidos cinco grandes desafios e sete eixos temáticos. No bojo desse processo de planejamento nasceu a Dinte. Acompanhamos e analisamos os fluxos de comércio e de capitais internacionais, a lógica de operação das corporações transnacionais, o sistema financeiro e monetário internacional, as instituições multilaterais (Organização Mundial do Comércio, Organização Mundial de Propriedade Intelectual, Organização das Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, G20 comercial, G20 financeiro), a integração regional, a cooperação brasileira para o desenvolvimento internacional, a segurança energética e territorial, a política de defesa nacional e segurança internacional, além da reconfiguração da geoeconomia e da geopolítica global.
Desenvolvimento - Que tipo de parcerias a Dinte tem estabelecido com universidades e outros centros de pesquisa?
Cintra - Pela natureza de suas pesquisas, a Dinte tem estabelecido parcerias com diferentes órgãos da administração federal, tais como o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o Exército brasileiro. A equipe tem aprofundado os vínculos com diversas universidades e centros de pesquisas de economia e relações internacionais, tais como: Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Instituto de Relações Internacionais da PUC do Rio de Janeiro e de São Paulo, Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP), Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Instituto de Economia da UFRJ, Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) de São Paulo, Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (Porto Alegre), Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI). Temos ainda ampliado as conexões com diversas instituições internacionais, em particular na América Latina, com destaque para órgãos e instituições da Argentina, Paraguai, Peru e México. A Dinte também estabeleceu vínculos com instituições da China, da Coréia do Sul, da Inglaterra, do Vietnã, além da Organização Mundial de Propriedade Intelectual e da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
Desenvolvimento - Quais os focos centrais de pesquisa?
Cintra - A Dinte tem entre suas atribuições principais a agenda do primeiro eixo temático do desenvolvimento: inserção internacional soberana. Nessa perspectiva, foram definidas cinco grandes áreas de estudos e pesquisas: a) investimento estrangeiro direto e corporações multinacionais; b) comércio internacional e integração econômica; c) instituições e governança global; d) defesa, política externa e cooperação internacional; e) arquitetura financeira e monetária internacional.
Desenvolvimento - Quais as principais publicações da Dinte?
Cintra - As principais publicações da Dinte são os periódicos Boletim de Economia e Política Internacional, Monitor da Percepção Internacional do Brasil e a Revista Tempo do Mundo. Lançamos 24 livros no último ano, entre eles Inserção Internacional Brasileira, Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (2005- 2009), Comércio internacional: aspectos teóricos e as experiências indiana e chinesa, Globalização para todos: taxação solidária sobre os fluxos financeiros internacionais, Crise financeira global: mudanças estruturais e os impactos sobre os emergentes e o Brasil, Uma longa transição: vinte anos de transformação na Rússia e Traçando novos rumos: o Brasil em um mundo multipolar.
Desenvolvimento - Que pesquisas atuais o senhor destacaria?
Cintra - Há cinco grandes projetos sendo concluídos no segundo semestre de 2011. São eles: a) um panorama sobre o papel desempenhado pela China nas relações econômicas e políticas internacionais; b) um panorama sobre diferentes aspectos do processo de integração latino-americano; c) experiências internacionais comparadas sobre o processo de internacionalização de empresas (África do Sul, China, Coréia do Sul, Espanha, Índia, Malásia e Rússia); d) diferentes aspectos das negociações comerciais no âmbito da Organização Mundial do Comércio, com destaque para as relações entre as taxas de câmbio e o comércio internacional e e) um panorama sobre as propostas de mudanças da arquitetura financeira e monetária internacional
Desenvolvimento - Que projetos voltados diretamente ao desenvolvimento têm sido realizados?
Cintra - A Dinte cumpre missão de pesquisa em Caracas (Venezuela), no âmbito do projeto “Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional”. Tal missão tem como objetivo promover a cooperação internacional com foco no estreitamento das relações entre os pesquisadores nacionais e estrangeiros, voltada à realização de estudos e pesquisas que visam contribuir para o desenvolvimento dos países envolvidos diretamente na melhoria das condições socioeconômicas de suas populações.
Desenvolvimento - Quais os principais projetos para o futuro imediato?
Cintra - Os principais projetos procuram ampliar os conhecimentos – em comércio, investimento, finanças, moedas, cooperação política e militar – sobre os países da América Latina, dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e do Sudeste Asiático (China, Coreia do Sul, Indonésia, Malásia, Tailândia, Cingapura, Hong Kong, Taiwan, Filipinas, Índia, Japão). Procuramos também aprofundar os estudos sobre o papel da defesa na inserção internacional brasileira, com destaque para o entendimento do complexo industrial-militar, sobre a Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional e sobre experiências comparadas em torno da propriedade intelectual (Trips – acordo sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio).
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