Brasil pode melhorar ainda mais exportações agrícolas |
2015 . Ano 12 . Edição 83 - 19/06/2015 Enquanto diversos países não conseguem desenvolver seus setores de agroexportação por esbarrarem em problemas climáticos, geográficos e infraestruturais, o Brasil demonstra expertise na produção e na exportação de produtos agropecuários. Não obstante, o Ipea mostra que ainda é possível ampliar muito a capacidade competitiva do país Ayana Trad Milho, soja, frutas, verduras, carne e seus derivados, a variedade de produtos que saem do país é enorme.No entanto, problemas primários como infraestrutura e fitossanidade interferem em nossas vendas para o exterior. O Ipea produziu uma pesquisa para mapear as partes do mundo que mais consomem as mercadorias agropecuárias brasileiras. O resultado deste estudo nos dá informações para expandir a base produtiva nacional e ajudar o equilíbrio macroeconômico do país. Rogério Freitas, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea e autor do projeto, explica: “Ao identificar áreas geográficas de grande demanda pelas exportações agropecuárias brasileiras, o estudo pode orientar o direcionamento de esforços pela manutenção ou ganho de espaço brasileiro na demanda internacional de alimentos”.
Ao analisar dados do período entre 1997 e 2013, Freitas constatou que, “em termos de regiões geográficas do globo, a União Europeia e a América do Sul apresentam o maior número de países líderes compradores”. Os países destas regiões se destacaram em todos os grupamentos examinados na pesquisa. Em segundo plano temos grande demanda de animais vivos e produtos do reino animal advinda dos países do Oriente Médio, ou seja, esta região tem uma posição firmada quando o assunto é requerimento por carnes. Paralelamente, a África demonstra representatividade sobre a importação de produtos das indústrias alimentares brasileiras. Por último, em terceiro plano, a pesquisa mostra que não se pode menosprezar a demanda gerada pelos países da América do Norte: Canadá, Estados Unidos e México. Futuro Em 2050, estima-se que a população mundial terá passado de nove bilhões de pessoas. Concomitantemente, a produção de alimentos terá que dobrar. Assim, o Brasil tem excelentes possibilidades de expandir sua base produtiva e sua produção agropecuária. Isso porque ainda há uma disponibilidade significativa de terras e rotas de crescimento no sentido centro-noroeste. De acordo com as estimativas da Interagency Agricultural Projections Commitee (IAPC), “o Brasil será peça-chave nas exportações mundiais projetadas (2021-2022) de milho, soja em grão, carne bovina e carne de frango”. Sobre esse assunto, Rogério Freitas aponta: “Para garantir suas exportações nos próximos anos, o setor agropecuário deve manter suas iniciativas de investimento em pesquisa e desenvolvimento, bem como manter e/ou aprimorar políticas de crédito e/ ou de seguro agropecuário. Avanços na questão de fitossanidade e de medidas sanitárias (produção animal) também seriam bem vindos. Em termos sistêmicos, ou seja, além da área de ação direta do setor agropecuário, estão as limitações de infraestrutura e de investimento do cenário macroeconômico local. Também merecem citação as barreiras tarifárias e não tarifárias que ainda são praticadas no comércio agropecuário por muitas nações. Tais barreiras dificultam um crescimento mais pronunciado das vendas externas”. Mesmo diante de tantas ressalvas, o autor do estudo se revela otimista quanto à capacidade competitiva da agropecuária brasileira nos mercados globais. |