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Seminário debate projeções macroeconômicas e mudança climática

Ipea, SDI e Inpe fazem simulações de longo prazo e avaliam cenários para o Brasil até 2050

Helio Montferre/Ipea

Projeções macroeconômicas de longo prazo e cenários de mudanças climáticas a partir de metodologias desenvolvidas por especialistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mobilizaram os debates nesta terça-feira (22), durante seminário que encerrou o ciclo da parceria entre as duas instituições. O modelo Globiom-Brasil para previsão de mudanças no uso da terra e produção agrícola foi destaque no evento, que também discutiu projeções setoriais e regionais até 2050, os desdobramentos do Plano Integrado de Longo Prazo da Infraestrutura (Pilpi) 2021-2050, da Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura (SDI, do Ministério da Economia).

O objetivo da iniciativa foi encerrar o ciclo do Termo de Execução Descentralizada (TED), firmado pela SDI e o Ipea, pontuou o diretor de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset), João Maria de Oliveira, na abertura do evento. O secretário da SDI, Edson Ribeiro Sobrinho, representando o secretário especial de Produtividade e Competitividade do ME, Alexandre Ywata, afirmou que o TED viabilizou a participação de profissionais qualificados em pesquisa. “Outra frente junto com o Ipea foi o desenvolvimento de metodologias de governança e seleção de projetos de infraestrutura para o país”, disse.

Representando o presidente do Ipea, Erik Figueiredo, o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), Marco Antônio Cavalcanti, destacou que espera continuar contribuindo para o planejamento de longo prazo. “No Brasil, cada setor usa uma projeção setorial diferente, mas, para não haver inconsistência entre os vários planos setoriais, é importante aperfeiçoar esse processo, cumprindo a missão do Ipea”, afirmou.

Um panorama geral do modelo Globiom-Brasil foi apresentado pelo pesquisador sênior do Inpe Fernando Ramos, já aposentado. Esse modelo, afirmou, acompanha a competição em quatro setores – agricultura, pecuária, bioenergia-etanol e produtos florestais –, com dados de demanda, oferta e preços até 2050, em intervalos de cinco anos, para verificar o impacto de políticas públicas. Já a pesquisadora do Inpe Heloisa Musetti Ruivo examinou efeitos da mudança climática na agricultura com projeções até 2050 para 18 produtos, sob dois cenários: uso da terra com vegetação nativa e pastagens. Também comparou cenários com e sem mudança climática, projetados para quatro commodities – soja, milho, rebanho e carne bovina –, e afirmou ser possível aumentar a produtividade sem desmatar.

Os cenários macroeconômicos de longo prazo foram apresentados pelo coordenador de Crescimento e Desenvolvimento Econômico da Dimac do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, que analisou as projeções até 2030 para formação de capital fixo, capital humano, produtividade e em relação do Produto Interno Bruto (PIB), considerando também o envelhecimento da população brasileira. Ele avaliou cenários, um como referência, mais conservador, com regras fiscais para estabilidade das contas públicas, e outro mais otimista, transformador, de ganho de produtividade. Por sua vez, o bolsista do Inpe Wanderson Santos Costa analisou o impacto das diferentes narrativas socioeconômicas no uso da terra no Brasil, seguindo-se projeções quantitativas. Para Costa, o Brasil tem áreas de pastagens de baixa produtividade que podem ser desenvolvidas e incrementar a produção agropecuária.

Ao fazer projeções econômicas setoriais e regionais para 2020-2050, João Maria de Oliveira, do Ipea, ressaltou que o modelo utilizado foi espelhado em outro, de estrutura tributária. Ele recorreu ao modelo SGE, multissetorial e multirregional, que abrange dados de comércio e produção de 68 atividades e 140 países em dez blocos. Oliveira fez diversas simulações sob dois cenários, um conservador, outro transformador, assinalando que este último ainda depende de várias reformas. Para os cenários estudados no modelo Globiom-Brasil foram usados dados de 29 produtos, sendo 18 culturas agrícolas, cinco florestais e seis pecuários nas 27 Unidades da Federação. Ele também mostrou simulações de PIB e suas versões per capita, setorial, por estado, por macrorregiões, além de valor bruto da produção e produtividade do trabalho.

O secretário-adjunto da SDI, Fabiano Mezadre Pompermayer, abordou os desdobramentos dos modelos sobre o Pilpi, com destaque para o processo de elaboração a partir da criação de um comitê interministerial, responsável pelos planos setoriais, destacando os de transporte e energia. Apresentou também o mapeamento da demanda futura de água, indicando locais onde pode ocorrer déficit hídrico, bem como a necessidade de investimento. Ao final, os palestrantes discutiram a rotina de atualização das projeções socioeconômicas, cujos modelos devem ser constantemente aprimorados para se tornarem referência, serem institucionalizados e, assim, terem continuidade. 

Acesse a íntegra do seminário no Youtube

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