O “ESPÍRITO DE DUNQUERQUE” E O NHS INGLÊS
TEORIA, HISTÓRIA E EVIDÊNCIAS
Palavras-chave:
NHS, sistema de saúde, políticas públicasResumo
O objetivo deste artigo é analisar as especificidades do National Health Service (NHS), o sistema de saúde público, universal e, em grande medida, gratuito, da Inglaterra, a partir de uma abordagem teórica, histórica e empírica. Argumenta-se que sistemas de proteção social mais sofisticados nos quais se inclui o NHS tendem a ser mais prováveis e resilientes em sociedades menos heterogêneas, dado que, nesses casos, seus benefícios e custos se distribuem de forma menos assimétrica entre os diferentes grupos que a compõem. Uma vez que este não é o caso da sociedade inglesa, o seu surgimento somente foi possível em circunstâncias históricas excepcionais, em que prevaleceu o “espírito de Dunquerque”. Tão logo elas se foram, iniciou-se o processo de reforma desse sistema. As reformas levadas a cabo desde então não foram capazes de melhorar consideravelmente o desempenho do NHS, na medida em que a oferta não foi capaz de atender adequadamente a demanda pelos serviços de saúde. Isso se tornou ainda mais evidente depois da eclosão da crise internacional em 2008, em geral, e europeia, em particular, quando o novo governo de coalizão adotou rigorosas medidas de austeridade que implicaram a redução dos recursos disponíveis para a realização de novos investimentos em pessoal e em infraestrutura. A análise da experiência do NHS indica que a construção de sistemas de proteção social mais sofisticados em sociedades mais heterogêneas é bastante improvável na ausência de circunstâncias históricas excepcionais.
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