DOADORES SE AJUDANDO
Resumo
Um paradoxo domina a vasta literatura sobre a ajuda externa: apesar de um consenso acadêmico de que os interesses dos doadores são os principais condutores do sistema de ajuda, o número de pesquisas sobre tais interesses não parece compatível com a importância fundamental desse fato. Este artigo revisa resultados das pesquisas sobre os montantes de ajuda externa e como os interesses econômicos dos países doadores são alcançados e protegidos. Parte-se de uma contextualização dos fluxos e contra-fluxos de ajuda externa e de sua geopolítica, desde o nascimento do sistema moderno de ajuda externa no início da Guerra Fria. Em seguida, passa-se a estudos que correlacionam ajuda externa e suas prescrições políticas com objetivos dos países doadores, nomeadamente em comércio e investimento. Discutem-se metas e resultados mercantis favoráveis aos doadores, tais como fluxos líquidos gerados por cartéis, bancos de desenvolvimento e outros mecanismos que conformam o sistema de ajuda. Finalmente, discutem-se as descobertas sobre interesses próprios de doadores em campos como serviços de consultoria, ajuda alimentar, marinha mercante, direitos de propriedade intelectual, ensino superior e pesquisas agrícola e médica. Como visão geral e provisória, reconhecidamente incompleta, o artigo sinaliza questões que merecem um trabalho mais profundo em termos acadêmicos e até mesmo como uma pesquisa pública.
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