O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) concluiu a primeira etapa da Pesquisa Ação Social das Empresas, que está sendo realizada, pela segunda vez, na região Norte. De acordo com o levantamento, houve um crescimento generalizado, entre 1999 e 2004, na proporção de empresas que declararam atuar, voluntariamente, na área social. Em 1999, 49% das empresas do Norte realizaram ações sociais em prol das comunidades. Em 2004, esse valor saltou para 64%, o que representa um crescimento de 15 pontos percentuais. Isso significa que das cerca de 31 mil empresas da região com um ou mais empregados, mais de 19 mil estavam envolvidas na realização de algum tipo de ação social comunitária.
O destaque na região ficou por conta das grandes empresas (500 ou mais empregados), que registraram um aumento de 32 pontos percentuais, em relação à primeira edição do levantamento: de 67% de empresas atuantes em 1999, chegou-se a 99%, em 2004. No mesmo período, os empreendimentos de médio porte (101 a 500 empregados) cresceram 19 pontos percentuais (de 57% para 76%) e as pequenas empresas (11 a 100), aumentaram sua participação em 17 pontos (de 53% para 70%).
Foram as microempresas (até 10 empregados) as que apresentaram o menor crescimento proporcional, de apenas 12 pontos percentuais entre 1999 e 2004 (de 47% para 59%). Segundo Anna Maria Peliano, diretora de Estudos Sociais do IPEA e coordenadora-geral da Pesquisa, ainda que tenham crescido menos, são essas empresas que determinam o comportamento social no Norte. "Elas representam quase dois terços do universo empresarial e o seu crescimento foi semelhante à média observada para a região", diz ela.
Na comparação por estado, a novidade está na equiparação dos níveis de atuação do empresariado de todos os estados da região. Os estabelecimentos do Pará que eram os que, proporcionalmente, menos atuavam em 1999 (42%), alcançaram um patamar de 63% de empresas atuantes em 2004. Este percentual é bastante semelhante àqueles observados no Amazonas (61%) e nos estados do Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins, que foi de 65%. "As empresas desse conjunto de estados apresentaram um menor crescimento entre 1999 e 2004 (8 pontos percentuais), porém elas partiram de um nível de atuação mais elevado do que as demais em 1999. Com a ampliação da participação das empresas amazonenses e paraenses, praticamente todas alcançaram um mesmo nível de atuação", observa Anna Peliano.
O grande destaque da região ficou com as empresas industriais, não só pelo alto nível de participação em 2004 (74%), mas também pelo expressivo crescimento de 26 pontos percentuais que elas apresentaram no período. Assim, enquanto em 1999 menos da metade das empresas davam algum tipo de contribuição voluntária às comunidades, em 2004 três quartos delas passaram a atuar. Houve também um grande crescimento na participação das empresas agrícolas, que passaram de 32% para 55% e da construção civil (24%, em 2000 para 46%, em 2004).
Uma das novidades desta segunda edição foi o levantamento das ações sociais voltadas especificamente para o combate à fome. Os resultados apontam que 22% do total de empresas da região que realizaram algum tipo de ação social em 2004 - o que equivale a cerca de 4 mil estabelecimentos -, envolveram-se em mutirões, campanhas ou programas governamentais e não governamentais voltados para o combate à fome. "Nesse caso, observamos que há diferenças segundo o estado em que se encontram, seu porte e o setor de atividade econômica", diz Luana Pinheiro, coordenadora adjunta do levantamento. As empresas do Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins tiveram uma participação um pouco maior (25%) do que a média da região. O envolvimento das microempresas (24%) foi ligeiramente mais expressivo que o das médias (21%) e das pequenas (19%). Já a participação das grandes empresas ficou bem abaixo da média regional (11%). Em relação ao setor de atividade, destacam-se as empresas comerciais (25%), seguidas de perto pela indústria (21%). A participação dos setores de construção civil (7%) e de agricultura (9%), ficaram bem abaixo da média regional. No conjunto, a quase totalidade das empresas atuou doando alimentos (97%).
Pouco mais de um terço das empresas da região Norte (36%) declararam não realizar qualquer ação social para a comunidade. Para cerca de 61% dessas empresas, a falta de dinheiro é o principal motivo que dificulta ou impede o desenvolvimento de ações sociais comunitárias. Uma parcela bem menor reclama da ausência de incentivos governamentais (17%). Também é pequena a proporção de empresas que não atua porque nunca pensou nessa possibilidade (6%) ou porque acredita que este não seja seu papel (6%). "Vê-se que, mesmo entre as empresas que nada fazem para fora de seus muros, há um conhecimento generalizado sobre a possibilidade de atuação no campo social. E isso é muito positivo", avalia Anna Peliano. |