Estudo do Ipea analisa aplicações do FNE pelo Banco do Nordeste
Análise destaca interiorização do BNB e vislumbra seu reposicionamento para impulsionar setores dinâmicos
Publicado em 02/02/2023 - Última modificação em 14/02/2023 às 11h35
Análise destaca interiorização do BNB e vislumbra seu reposicionamento para impulsionar setores dinâmicos
Publicado em 02/02/2023 - Última modificação em 14/02/2023 às 11h35
Foto/BNB
A geografia das aplicações do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) por meio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) é tema de estudo intitulado “O BNB e o Desenvolvimento do Nordeste Brasileiro: Velhas e Novas Missões para uma Economia em Mudança”, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A análise mostrou que o volume de crédito aplicado pelo BNB foi crescente, entre 1995 e 2019. Nesse período, o total contratado alcançou R$ 290,9 bilhões do FNE, aplicados na região e em municípios da área da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) no norte de Minas Gerais e no Espírito Santo.
Os recursos aplicados pelo BNB, que completou 70 anos em 2022, saíram de uma média anual de R$ 3,5 bilhões, entre 1995 e 1999, para R$ 22 bilhões anuais, em média, de 2015 a 2019. Embora a análise contemple um recorte microrregional, o crédito do BNB, antes mais concentrado na capitais e cidades médias litorâneas, se deslocou para o interior dos estados.
Na dimensão territorial, de 1995 a 2019, os municípios com até 20 mil habitantes receberam 25,4% do total de recursos do FNE, e o grupo entre 20 mil e 50 mil habitantes captou 23,7%. “O BNB está enraizado nos territórios”, comentou o pesquisador do Ipea Aristides Monteiro Neto, um dos autores do artigo. “Do ponto de vista territorial, observa-se o acerto do banco em sua estratégia de interiorização.”
Na distribuição setorial dos recursos do FNE, no período pós-1995, o padrão regional manteve-se em quase todos os estados, com a maior parte dos recursos (41,5%) direcionados à agropecuária – cuja proporção captada tem sido superior à do comércio e serviços (22,1%) e da indústria (18,4%). A exceção ficou com Pernambuco, onde a indústria (30,6%) recebeu mais recursos que a agropecuária (28,4%).
Em áreas de expansão do agronegócio, como no Matopiba, região que reúne o Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a proporção contratada pela agropecuária é três vezes superior aos valores aplicados na indústria do Maranhão, Piauí e Bahia, mostra o estudo. O crédito do BNB chega até Minas Gerais e Espírito Santo, nos municípios da área da Sudene. De 1995 a 2019, esses dois estados receberam R$ 18,8 bilhões, montante superior ao contratado individualmente por Alagoas, Paraíba e Sergipe.
No período pós-1995 coberto pelos dados, as atividades que mais contrataram recursos do FNE foram as de agropecuária e o grupo comércio-serviços, com, respectivamente, 41,5% e 22,1% do total. A indústria absorveu 18,4% do total financiado no período, enquanto os projetos de infraestrutura, principalmente energia renovável, financiados pelo BNB consumiram 17,9% dos recursos.
Megatendência
A análise constatou, ainda, que o Brasil vem seguindo a tendência mundial dos bancos públicos: ao invés de encolher, eles vêm ampliando sua atuação enquanto agente financiador da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR). O BNB é uma das 442 instituições públicas existentes em 147 países. Desse total, 25% dos bancos públicos no mundo contemporâneo estão em países da África, 20% na Europa, 20% nas Américas, 31% na Ásia e 4% na Oceania. “Desde a crise financeira global de 2008/2009, nem mesmo os países desenvolvidos têm abdicado da função desses bancos, seja como patrocinadores de projetos de infraestrutura, seja atuando na transição para uma economia verde, visando redução dos impactos da mudança climática”, disse Aristides.
Originalmente, este texto para discussão foi publicado no livro “Banco do Nordeste do Brasil - 70 Anos de Contribuição para o Desenvolvimento Regional”, lançado em julho de 2022, por ocasião das comemorações de sete décadas do banco. Junto com Aristides, o professor no Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Fernando Cezar de Macedo e o pesquisador associado do Ipea Raphael de Oliveira Silva assinam o estudo.
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