Desenvolvimento Regional

Ipea debate políticas territoriais brasileiras em tempos de crises globais

Evento foi realizado no Ipea em Brasília com transmissão pelo Youtube

Helio Montferre/Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reuniu autoridades e especialistas na tarde desta terça-feira (28/2), para discutir sobre as Políticas Territoriais em Tempos de Múltiplas Crises - desafios e perspectivas para o Brasil na década de 2020. O seminário contou a participação do especialista em políticas públicas e gestão governamental do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e doutor em Administração Pública da UFRN, João Mendes da Rocha Neto, e da professora do departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Lucileia Colombo, além da presença de 40 pessoas, incluindo o público que participou presencialmente e online.

Para o diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea, Aristides Monteiro Neto, coordenador do evento, “muito do que pensamos sobre políticas públicas foi alterado nos últimos tempos. Estamos no momento em que as condições para o funcionamento e a implementação das políticas se tornaram muito frágeis, difusas e até mesmo politicamente contestadas por grupos partidários da antipolítica”. E complementou falando sobre as propostas do grupo: “a política regional brasileira precisa urgentemente realizar – e já existe um caldo de conhecimento construído nos últimos anos ao lado da oportunidade aberta pela nova realidade de retomada democrática –, uma mudança de paradigma em direção a uma agenda denominada de “mudança estrutural ambientalmente sustentável”, com a incorporação do meio ambiente (mudança climática e transição energética) e acionamento dos recursos de conhecimento (C,T&I) e de esforços inovativos presentes na extensa rede nacional de instituições de ensino superior e pesquisa para o propósito da mudança setorial”, disse.

A professora da pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e doutora em Ciências Políticas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar-SP), Lucileia Aparecida Colombo, fez uma apresentação relacionando a crise da democracia com a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR). Segundo ela, “um dos pressupostos dos planos regionais de desenvolvimento é o da diretriz para desenvolver esforços de articulação federativa, envolvendo os três entes federados, como União, Estados e Municípios para a implementação coordenada das políticas regionais, e isso foi muito enfraquecido nos últimos 4 ou 5 anos”, revelou.

O especialista João Mendes Neto ressaltou a importância do retorno do debate sobre políticas territoriais no governo federal. “O Ipea sempre foi um grande parceiro do Ministério de Desenvolvimento Regional e queremos revigorar esta longa e forte parceria. Neste sentido, temos a chancela da secretária nacional de desenvolvimento regional do MIDR, Adriana Melo Alves. Para ampliar a agenda de pesquisa é preciso elaborar um marco metodológico que incorpore a complexidade e o alcance do problema das desigualdades regionais como forma de subsidiar um processo governança ex-ante”, disse.  

O texto para discussão apresentado no seminário é trabalho de autoria conjunta do diretor Aristides Monteiro, da pesquisadora Lucileia Colombo e do especialista em políticas governamentais João Mendes Neto. O trabalho discutiu as implicações das múltiplas crises globais (econômica, política, pandêmica e ambiental) sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), apontando consequências das crises frequentes e acumulativas no ambiente de atuação das políticas governamentais desde meados da década de 2000, afetando a permanência de políticas inclusive as de dimensão territorial (regional, urbana e rural).

No encerramento, Aristides Neto falou sobre a satisfação na elaboração do estudo em parceria com os pesquisadores referência em suas áreas de especialização. “Penso que o texto escrito ainda no final do ano passado ficou muito em sintonia com o contexto de abertura e legitimação da política pública possibilitada pelo novo governo federal, – que sorte a nossa –, espero que a gente possa ter espaço efetivo para que as ideias propostas ganhem assento na política regional. O momento é muito favorável pois as forças políticas que estão na sociedade estão mais sensíveis ao diálogo”, afirmou.

Acesse a íntegra do estudo

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