Agricultura, Pecuária e Pesca

Soluções para a crise climática e a segurança alimentar são destaques de seminário internacional

Encontro faz parte dos eventos paralelos ao T20 Brasil, alinhado com as Forças-Tarefa 01 e 04

Foto: CGCOM Ipea/Rio

Os desafios das mudanças climáticas e suas implicações para a segurança alimentar na América Latina, com foco na criação de sistemas agroalimentares resilientes e na promoção de inovações tecnológicas voltadas à mitigação de emissões de gases de efeito estufa e à adaptação a eventos climáticos extremos. Esse foi o tema central do Seminário Internacional Promovendo Sistemas Agroalimentares Sustentáveis para Resiliência Climática, Segurança Alimentar e Colaboração Global, realizado na Gerência Regional do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Rio de Janeiro, na última terça-feira (12).

O evento, organizado pelo Ipea, integrou as atividades paralelas ao T20 Brasil e alinhou-se às prioridades das Task Forces 01 e 04, que tratam de combater desigualdades, pobreza e fome, bem como de comércio e investimento para um crescimento sustentável e inclusivo.

Fabio Veras, diretor de Estudos Internacionais do Ipea, destacou que o evento traduz muito bem a mensagem passada para as diferentes forças-tarefa em torno das prioridades, não apenas para o G20 Brasil, mas também para o T20 Brasil: “Podemos ver claramente que, por meio do Think 20 Brasil, conseguimos unir de forma muito intersetorial as diferentes prioridades que tínhamos para o G20 brasileiro. Neste seminário, por exemplo, tratando de maneira integrada temas relacionados à segurança alimentar, à mudança climática, ao comércio e à cooperação entre os países. A questão da cooperação também foi algo que meu colega, Marcelo Nonnenberg, um dos nossos membros mais antigos e pesquisador de longa data, contribuiu com um policy brief para a Força-Tarefa 04 abordando o tema”.

Marcelo Nonnenberg, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, frisou em sua apresentação que as mudanças climáticas são o maior desafio contemporâneo e demandam ações conjuntas de todos os países. Ele ressaltou que a agricultura sustentável depende da redução de emissões por unidade de produção e do aumento da captura de gases de efeito estufa pela biomassa e solo, o que pode ser alcançado com a transferência e desenvolvimento de tecnologias para manejo de pragas, uso eficiente de insumos e técnicas de cultivo que promovam a captura de carbono.

Nonnenberg também apontou que a América Latina enfrenta uma combinação de tempestades, inundações, ondas de calor e secas, agravando o desmatamento e criando um ciclo de destruição. O controle de incêndios em áreas florestais é particularmente desafiador e requer pessoal e equipamentos significativos, e que é necessário ensinar práticas agrícolas mais seguras, ao mesmo tempo em que se combate ao fogo criminoso. Quando se trata dos impactos de grandes tempestades, causando inundações e deslizamentos de terra, as dificuldades só aumentam. Portanto, as soluções devem ser abordadas para todos os tipos de eventos, o que requer recursos já disponíveis, mas também novas soluções tecnológicas.

“A adaptação eficaz requer recursos financeiros significativos, muitas vezes inacessíveis a países emergentes e menos desenvolvidos”, observou Nonnenberg. Ele defendeu a criação de um Programa Regional de Conservação Florestal e Práticas Agrícolas de Baixo Carbono, apoiado pelo G20, para promover a cooperação entre institutos de pesquisa e o compartilhamento de tecnologias agrícolas de baixo carbono.

Portanto, a solução não deve ser simplesmente “pressionar” países pobres e de renda média, mas fornecer fundos e tecnologias para esses países, lembrando também que essas tecnologias já estão disponíveis, mas devem ser compartilhadas com todos os países e agricultores. “Nossa proposta é criar um Programa Regional de Conservação Florestal e Práticas Agrícolas de Baixo Carbono, apoiado pelo G20. O objetivo é promover a cooperação entre institutos de pesquisa, compartilhando tecnologias agrícolas de baixo carbono entre os países da região”, conclui.

Além de Marcelo Nonnenberg e Fábio Veras, participaram do evento Joaquin Arias, coordenador do Observatório de Políticas para Sistemas Agroalimentares; Sabine Papendieck, especialista em comércio internacional e sócia-gerente da EstratECO; e Thiago Lima, coordenador da Força-Tarefa para Aliança Global contra a Fome e a Pobreza do Ministério da Fazenda, com mediação de Valeria Piñeiro, coordenadora sênior do Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares (IFPRI).

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