Desigualdades regionais na agricultura brasileira são debatidas em seminário
Estudo apresentado durante evento aponta diferenças significativas no formato de produção e divisão de recursos entre as cinco regiões do país
Publicado em 29/11/2024 - Última modificação em 29/11/2024 às 16h32

Compreender as disparidades regionais e os impactos econômicos da agricultura no Brasil, no período de 2013 a 2022, foi o foco do seminário “Disparidades Regionais e Estrutura Produtiva da Agricultura Brasileira – Uma Análise Espacial e Setorial”, promovido na última terça-feira (26) pela Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O evento, que compartilha o mesmo do texto para discussão apresentado, trouxe resultados claros e detalhados sobre as desigualdades regionais na agricultura brasileira e seus impactos econômicos. A análise baseou-se em uma matriz de insumo-produto para examinar os fatores multiplicadores de emprego, produção e renda nas macrorregiões brasileiras, considerando lavouras permanentes e temporárias.
“O objetivo é transformar esses resultados em um livro, contribuindo para o entendimento da agricultura brasileira e suas influências econômicas, além de fornecer insights no planejamento regional”, explicou Bruno Cruz, técnico de planejamento e pesquisa da Ipea e um dos autores do estudo.
Os resultados apontaram diferenças significativas na estrutura agrícola entre as regiões do país. No Centro-Oeste, apesar dos altos índices de produção e exportação, observa-se um vazamento significativo de insumos adquiridos externamente. Já no Sudeste, predominam insumos produzidos localmente. A análise também revelou que o Norte é mais autossuficiente em termos de subsistência, enquanto o Centro-Oeste é altamente mecanizado e dependente de insumos externos.
Simulações de investimentos indicaram que o Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam maior potencial para reduzir desigualdades regionais em comparação ao Sul e Sudeste, destacando-se a relevância da agricultura familiar no Norte. Além disso, outros trabalhos dentro desse projeto concluíram que os financiamentos provenientes dos Fundos Constitucionais têm impacto limitado no PIB dos municípios.
As considerações finais da análise indicaram que o setor agropecuário não é um dos principais motores no indicador de encadeamento para trás (HR). O Centro-Oeste, embora apresente o maior multiplicador de produto e vazamento econômico, gera poucos empregos devido à mecanização intensa. Essa região também destina o maior percentual de sua produção à exportação, seguida pelo Sul e Sudeste. Em contrapartida, o Norte, com uma maior participação da agricultura familiar, registra menor vazamento econômico e maior geração de empregos. No entanto, seus impactos na economia são mais modestos, e podem ocorrer efeitos ao longo da cadeia produtiva.
O evento contou com a participação do debatedor Sérgio Felipe Melo da Silva, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, sob a mediação do coordenador João Carlos Ramos Magalhães. Também participaram os pesquisadores visitantes do Ipea, Juliana Aguiar de Melo e Carlos de Santana Ribeiro.
Comunicação – Ipea
(61) 2026-5501
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
comunique@ipea.gov.br