Empresas brasileiras que contrataram venezuelanos têm salários mais baixos e alta demanda por mão de obra
Seminário do Ipea debateu inserção dos imigrantes no mercado de trabalho no Norte do país no início da onda migratória
Publicado em 25/02/2025 - Última modificação em 25/02/2025 às 16h12

Foto: Antonio Lima/SECOM governo do Amazonas
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou, no dia 20 de fevereiro, mais uma edição do Seminário das Quintas, com a apresentação do estudo "Alocação dos Venezuelanos em Empregos no Norte do Brasil no Início da Onda Migratória". O evento contou com a exposição de Carlos Henrique Leite Corseuil, técnico Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc), que trouxe uma análise detalhada sobre a inserção dos imigrantes venezuelanos no mercado de trabalho brasileiro.
Durante a apresentação, Corseuil destacou que "a chegada massiva de imigrantes ao Norte do Brasil gerou desafios e oportunidades, exigindo uma resposta estruturada do mercado de trabalho".
A análise baseou-se em dados sobre empregabilidade e caracterização sociodemográfica dos imigrantes, evidenciando que "a regularização tende a ajudar no acesso a melhores oportunidades". No entanto, os dados indicam que os venezuelanos são menos propensos a trocar de empresa no ano seguinte, tendem a permanecer empregados por períodos mais curtos e têm menor taxa de promoção, se comparados aos brasileiros.
Além disso, os imigrantes tendem a se concentrar em firmas com salários mais baixos e de maior porte. Os resultados indicam que aquelas que contrataram venezuelanos no período analisado apresentavam, nos anos anteriores (2011 a 2015), menor qualificação dos trabalhadores (6,9% com nível superior, contra 8,7% nas demais firmas), menores salários médios (R$42,90 por hora, contra R$50,60) e um maior número de empregados (94,5 trabalhadores, contra 37, em média).
Outros fatores também influenciaram a contratação. Mais de 28% das empresas que contrataram venezuelanos após o influxo (2016 a 2018) já haviam contratado imigrantes anteriormente e 7,5% delas já tinham dado emprego a venezuelanos, especificamente. A localização geográfica também foi relevante: as empresas que contrataram estavam, em média, a 5,8 km da BR-174, que liga Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, a Manaus, capital do Amazonas. Já as que não contrataram estavam a 9,5 km da rodovia.
Dentro das firmas, os imigrantes venezuelanos foram alocados em postos de trabalho associados a posições mais baixas na hierarquia e a salários aquém do esperado para suas características profissionais. No entanto, Corseuil pontuou que iniciativas de acolhimento e programas de interiorização desempenharam um papel fundamental na distribuição desses trabalhadores para outras regiões do país, ampliando suas perspectivas de emprego formal.
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