Economia. Desenvolvimento Econômico
Inflação acelera em fevereiro, mas impacto é mais intenso para faixas de rendas mais baixas
Tarifas de energia elétrica, preços de alimentos no domicílio e reajustes nas passagens de ônibus urbano e trem impulsionaram aumento
Publicado em 20/03/2025 - Última modificação em 20/03/2025 às 15h32

Foto: Helio Montferre/Ipea
A inflação acelerou em fevereiro deste ano para todas as faixas de renda, na comparação direta com janeiro, mas teve impacto ainda maior para famílias de espectros de renda mais baixos. Enquanto a inflação para a classe de renda muito baixa avançou de -0,17% em janeiro para 1,59% em fevereiro, a taxa para o segmento de renda alta passou de 0,54% para 0,90% no mesmo período.
O aumento mais expressivo nas classes de menor renda foi impulsionado, principalmente, pela alta nas tarifas de energia elétrica, pela persistente elevação dos preços de alimentos no domicílio e pelos reajustes nas passagens de ônibus urbano e trem. Já para as famílias de renda alta, a pressão inflacionária em fevereiro foi o reajuste de 5,7% nas mensalidades escolares.
Considerando o acumulado de doze meses, após a incorporação dos dados de fevereiro, a faixa de renda muito baixa registrou a menor inflação (4,88%), enquanto o segmento de renda média apresentou a taxa mais elevada (5,14%). As informações compõem o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e estão organizadas na tabela a seguir:
A principal contribuição positiva à inflação veio do grupo habitação, repercutindo o reajuste de 16,8% das tarifas de energia. Ainda que em menor intensidade, os aumentos dos ovos (15,4%), do café (10,8%), das passagens de ônibus urbano (3,0%) e dos trens (3,5%) fizeram com que os grupos alimentação e bebidas e transporte também exercessem uma pressão sobre a inflação das classes de rendas baixas e médias.
Para os segmentos de renda média-alta e alta, os reajustes de 5,7% das mensalidades escolares também foram importantes pontos de pressão inflacionária em fevereiro. Entretanto, para o estrato de renda alta, a deflação de 20,5% das tarifas aéreas gerou uma forte descompressão inflacionária em fevereiro, fazendo com que a taxa de inflação deste segmento fosse a mais baixa entre todos os segmentos pesquisados.
Na comparação com fevereiro de 2024, os dados indicam que, em fevereiro deste ano, a inflação acelerou para todas as faixas de renda, com um impacto mais significativo nas classes de rendas mais baixas. Embora o aumento dos preços dos alimentos tenha sido menos intenso neste ano, a inflação atual ganhou força principalmente devido ao grupo habitação, impulsionado pelo comportamento das tarifas de energia elétrica, cuja alta de 16,8%, em fevereiro 2025, contrasta com a variação de apenas 0,14% registrada em fevereiro de 2024.
O desempenho menos favorável dos bens industriais em 2025 também contribuiu para essa aceleração inflacionária, ainda que em menor grau. Por certo, os aparelhos eletroeletrônicos, que tiveram deflação de 0,37% em fevereiro de 2024, passaram a registrar uma alta de 0,73% neste ano. Já no caso do vestuário, a taxa negativa de 0,44% observada em 2024 deu lugar a uma variação nula em 2025.
Nos últimos doze meses, as principais pressões inflacionárias vieram dos grupos alimentos e bebidas, transportes e saúde e cuidados pessoais. No caso dos alimentos consumidos em casa, apesar da queda de 7,8% nos cereais e de 27,1% nos tubérculos, os aumentos significativos de itens como carnes (22,0%), aves e ovos (10,4%), óleo de soja (23,4%), leite (11,1%) e café (66,2%) foram os responsáveis pela pressão desse grupo. Em saúde e cuidados pessoais, os maiores impactos em doze meses vieram dos produtos farmacêuticos (5,3%), itens de higiene (4,3%), serviços de saúde (7,3%) e planos de saúde (7,5%).
Já no grupo transportes, os destaques foram as altas das tarifas de ônibus urbano (6,2%) e interestadual (8,9%), do transporte por integração (10%), além dos reajustes da gasolina (10,6) e do etanol (20,6%). Para as famílias de renda alta, os aumentos de 5,2% nos serviços pessoais e de 6,5% nas mensalidades escolares também fizeram com que os grupos despesas pessoais e educação exercessem uma pressão mais relevante sobre a inflação desse segmento.
Comunicação – Ipea
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
(61) 2026-5501
comunique@ipea.gov.br