Evento do Ipea debate condições de envelhecimento no Brasil e políticas públicas para as pessoas idosas
Discussão ocorreu durante o “Seminário das Quintas”, organizado pela Diretoria de Estudos e Políticas Sociais
Publicado em 14/04/2025 - Última modificação em 14/04/2025 às 19h03

CGCOM/Ipea RJ
O tradicional “Seminário das Quintas”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), trouxe à tona um debate urgente, em sua última edição (10), a partir do seguinte questionamento: de que forma o Brasil está lidando com o envelhecimento populacional e as demandas dos idosos?
Promovido pela Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc/Ipea), o evento contou com a apresentação da técnica de planejamento e pesquisa Ana Amélia Camarano, referência no tema, que traçou um panorama histórico desde os anos 1950 até os desafios atuais.
O Brasil passou por uma transformação radical em seu perfil demográfico nas últimas décadas. Em 1940, a expectativa de vida era de apenas 44 anos, e os idosos representavam 4,1% da população. Atualmente, vivemos em média 74 anos, e os maiores de 60 anos já são quase 16% dos brasileiros, o que representa um crescimento acelerado, influenciado pela queda da mortalidade infantil, avanços na medicina e redução da fecundidade.
Envelhecer no século XXI não é a mesma coisa que no passado. "Cada grupo social envelhece de forma diferente", destacou Ana Amélia. Segundo a palestrante, a sobrevivência é democratizada nas terras brasileiras, porém com profundas desigualdades.
Segundo o Censo, o Brasil tem atualmente cerca de 32 milhões de idosos (mulheres brancas são o maior grupo), sendo que 12% não conta com aposentadoria, pensão ou benefício social. Além desse cenário, a pesquisadora apresentou dados preocupantes: 30 mil idosos moram nas ruas (quantidade formada principalmente por homens negros); 1,7 milhão moram em favelas; 17 mil, em domicílios improvisados; entre outros.
“As trajetórias de vida das pessoas num país como o Brasil são muito diferentes. As classes são distintas, assim como a qualidade de vida. Temos um grande desafio. A sociedade desejou maior longevidade, investiu em tecnologia, saneamento, água tratada, vacinas, e agora temos o resultado. Mas como vamos lidar com esse novo arranjo? Como fazer a conta fechar?” indagou Ana Amélia.
Entre os desafios enfrentados nas políticas públicas no Brasil, está o debate sobre a expansão da Seguridade Social, com maiores gastos com Previdência e a Saúde Pública, uma vez que há mais idosos vivendo mais tempo e dependendo dos benefícios. Além disso, é necessário considerar a mudança nos modelos familiares, com redução no tamanho, com menos filhos e um número maior de idosos.
“Existe uma pressão dos sistemas de saúde, previdenciário e de cuidados. Os custos que aumentam, mas por outro lado, existem oportunidades: o mercado econômico voltado para o serviço à terceira idade, a chamada Economia Prateada”, explica a palestrante. Ana Amélia Camarano finalizou sua participação de forma enfática: "Velhice não é só biológica, é biográfica. Precisamos de políticas que reconheçam trajetórias diversas". O desafio, concluiu, “é garantir que o envelhecimento seja digno para todos, não apenas para quem pode pagar por ele”.
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