Webinar debate desafios e perspectivas do setor mineral

Maior demanda por energia renovável gera impacto e abre novas perspectivas no Brasil

A maior preferência por fontes renováveis de energia e o consequente crescimento da demanda por minerais como lítio e grafita, usados na produção de baterias, para armazenamento de energia solar e eólica, bem como a balança comercial de setor mineral e o Produto Interno Bruto (PIB) da mineração brasileira foram temas em foco no webinar realizado nesta segunda-feira (24), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O seminário, uma parceria do Ipea e Ministério de Minas e Energia (MME), reuniu os primeiros estudos e análises de dados e informações para retomada do conhecimento do setor público sobre a economia mineral do Brasil, visando subsidiar a tomada de decisões de políticas públicas pelo governo federal.

O presidente do Ipea, Carlos von Doellinger, que participou do webinar, destacou que mineração, junto com energia e agronegócio são setores propulsores da economia brasileira. “São fundamentais para a retomada sustentável do crescimento no curto e médio prazo”, assinalou. O diretor de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura (Diset) do Ipea, André Rauen, também enfatizou a publicação do Boletim Radar nº 65, com edição especial sobre economia mineral, cujos artigos foram apresentados pelos autores durante o evento. “Trabalhamos para recuperar informações e conhecimento sobre o setor mineral pelo setor público federal”, disse.

O secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM), do MME, Alexandre Vidigal de Oliveira, lembrou que, ao assumir a pasta, constatou uma carência de dados e análises para traçar políticas públicas voltadas ao setor, e que a parceria com o Ipea veio suprir essa deficiência. Segundo ele, é preciso projetar cenários e fazer análises conjunturais para apoiar a tomada de decisão, o que pressupõe também monitorar e avaliar o desempenho setorial, aprimorar o conhecimento e acompanhar o mercado externo, além das inovações tecnológicas. “A edição especial sobre economia mineral do Boletim Radar é a primeira explicitação do trabalho desenvolvido em parceria com o Ipea”, pontuou. “É preciso desenvolver a mineração, para desenvolver o país”, disse Oliveira.

Sob a mediação do assessor da SGM, Hélio França, o seminário contou a apresentação de cinco autores de artigos publicados no Boletim Radar nº 65. O pesquisador do Ipea José Mauro de Morais apresentou os impactos das energias solar e eólica na demanda de baterias de lítio, sinalizando que a demanda por baterias de lítio será impulsionada nos próximos anos por características específicas dos sistemas de geração eólica e solar no Brasil. O pesquisador associado da Diset Eduardo Vale discorreu sobre o impacto das novas tecnologias na demanda de lítio e grafita, enquanto seu colega Daniel Monte Cardoso apresentou a evolução do market share das exportações minerais brasileiras e a competitividade dos principais produtos de exportação mineral entre 2015 e 2019.

Por sua vez, o pesquisador associado da Diset José Aroudo Mota apresentou dados relativos ao comportamento do comércio exterior brasileiro entre 2019 e 2020, enfatizando as principais commodities exportadas pelo país, e seu colega Rodrigo Vasconcelos apresentou a metodologia para apurar o PIB do setor mineral. Ele abordou também os impactos das mudanças na política norte-americana do governo Biden sobre o setor mineral brasileiro que sinaliza para uma matriz energética mais limpa, que poderá refletir favoravelmente ao setor mineral tendo em vista as robustas reservas existentes no Brasil.

Ao final, o diretor de Gestão de Políticas de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME, Glauter Rocha, afirmou que o trabalho desenvolvimento em parceria com o Ipea é “de vital importância” para o planejamento do setor e para a formulação e avaliação de políticas públicas. E reconheceu o esforço do Ipea no sentido de retomar estudos e pesquisas sobre economia mineral e de reforçar a equipe, segundo ele, permanente e dedicada a esse setor no Ipea.

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