Seminário abordou o desenvolvimento em cinco regiões

Seminário abordou o desenvolvimento em cinco regiões

Durante o evento, uma parceria do Ipea com o BNDES, foi lançada a coleção “Um olhar territorial para o desenvolvimento” 
 

Crédito: Dimmy Falcão 

Especialistas como Vanessa Petrelli e Liana Carleial palestraram

Em um seminário realizado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foram lançados, na sede do Ipea, em Brasília, cinco livros sobre desenvolvimento nas regiões Nordeste, Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Amazônia brasileira. Denominada Um olhar territorial para o desenvolvimento, a coleção foi apresentada nesta quarta-feira, dia 11, com a participação de representantes das duas instituições e de outras que deram colaborações ao projeto.

“É uma alegria ter a oportunidade de fazer uma parceria com o BNDES, que, assim como o Ipea, possui uma ampla folha de serviços prestados ao Estado e à sociedade”, disse o presidente do Ipea, Jessé Souza, durante a abertura do evento. Para o superintendente da área de planejamento do BNDES, Cláudio Figueiredo Coelho Leal, a coleção é uma demonstração da efetividade da ação da instituição, em cooperação técnica com o Ipea, que cedeu seus pesquisadores e seu know-how aos profissionais do banco.

Em um vídeo, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, destacou a relevância das agendas compreendidas nessas reflexões, lembrando que o Ipea é um instituto de pesquisa que cobre um largo espectro de políticas públicas, como as relações internacionais, o comércio, as regulações econômicas, o desenvolvimento institucional, as discussões sociais e as políticas de infraestrutura, entre outros. “Coincidentemente, esta mesma agenda é a agenda de fomento em que o BNDES está presente como um banco de desenvolvimento, na promoção de todas essas dimensões”, lembrou.

A coleção
Ainda pela manhã, foram apresentados os exemplares relacionados às regiões Sudeste e Sul. O primeiro, composto de duas partes, trata da atuação das áreas técnicas do BNDES na Região Sudeste, levantando aspectos passíveis de aprofundamento para a promoção do desenvolvimento territorial.

A professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Vanessa Petrelli apresentou seu artigo Desafios para a dinâmica interna: perfil das exportações e atração de Investimentos Diretos. Segundo a análise, ocorreram importantes mudanças qualitativas em todas as regiões após 2008. “Mesmo assim, os setores de média intensidade tecnológica ainda concentram a maior parte do investimento estrangeiro direto recebido, à exceção da região Norte”, disse a economista.

O volume que trata da região Sul aborda, inicialmente, as mais diversas áreas de atuação do BNDES. Em 11 capítulos assinados por representantes da academia, do meio empresarial, da administração pública estadual, cooperativas e bancos regionais de fomento e desenvolvimento, a publicação reúne relatos de parcerias com o banco que geraram resultados relevantes que sugerem um futuro promissor para a região.

Professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana e diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Miguel falou de seu trabalho Cultivando Água Boa, relacionado à crise hídrica. Também participaram da mesa de debates Clelio Campolina (UFMG) e Liana Carleial (IMAP-PR).

A segunda mesa teve um enfoque na Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste. O debate contou com a presença de Maria Lúcia Falcón, presidente do Incra e professora da UFSE, Sérgio Duarte Castro, professor da PUC-GO e diretor da Agência Goiás Formento, Raimunda Monteiro, reitora da UFOPA, e Esther Bemerguy, ex-secretária da SPI/MP e consultora em Gestão Governamental.

A sessão foi coordenada por Nelson Fontes, do BNDES. Maria Lúcia disse que há necessidade de ampliação e aproveitamento do potencial hídrico do rio São Francisco e que é preciso agregar valor aos produtos das cadeias produtivas da agricultura familiar e de geração de renda para as famílias. Ela ressaltou também que o componente que causa inviabilidade no campo é a energia e, por isso, deve-se começar a levar energia solar para esses lugares. “Vamos começar pelo semiárido, onde tem sol. Com a placa solar, acaba a inviabilidade do pequeno produtor”, afirmou.

Sérgio Duarte destacou que o Centro-Oeste é jovem e que há sempre novas oportunidades. A região e o estado de Minas seriam responsáveis por 50% dos produtos enlatados do Brasil. Raimunda Monteiro apontou problemas como a assimetria dos grupos econômico-sociais que agem sobre os territórios e conflito de culturas, e também a baixa densidade institucional da Amazônia, principalmente no seu interior.

Crédito: Dimmy Falcão 

Aristides Monteiro, do Ipea, foi um dos autores da obra

Finalizando a sessão, Esther Bemerguy avaliou que, apesar do esforço, “o nosso modelo de desenvolvimento é conservador e progressista”. Segundo ela, é preciso descentralizar a capacidade do Estado e a institucionalidade deve ser interiorizada.

Agenda Conjunta
Na mesa de encerramento do seminário, foram destacados a atuação do BNDES e seu impacto no desenvolvimento regional brasileiro. “Esse esforço de incorporar o desenvolvimento regional e territorial mostra que o BNDES enxerga a política local como fundamental”, ressaltou Helena Lastres, assessora da Presidência do BNDES.

Para Aristides Monteiro, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, o evento estimula uma agenda de reflexão conjunta sobre o país, além de possibilitar um balanço dos dois órgãos quanto à formulação e atuação das políticas públicas brasileiras. “O que fazer para sustentar esses avanços sociais? Precisamos de parceiros numa agenda de discussão e pesquisa das questões regionais brasileiras”, apontou. Aristides assinou um dos estudos apresentados no livro sobre o Nordeste: Desigualdades regionais no Brasil: notas sobre o padrão de intervenção dos Estados nos anos 2000-2010, que identifica dois padrões no funcionamento das instituições que trabalharam com o desenvolvimento regional nesse período.

Também compuseram a mesa Marco Aurélio Costa, diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, e Carlos Brandão, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional - IPPUR - da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os livros são fruto de uma série de discussões travadas em fóruns sediados no BNDES, com o objetivo de avaliar o estágio atual de amadurecimento das ações do Banco no país e explorar temáticas relevantes para referenciar sua visão de futuro, com o foco no desenvolvimento territorial.