Grupo de Análise e Previsões discute a evolução da economia
Publicado em 14/05/2010 - Última modificação em 22/09/2021 às 04h34

Grupo de Análise e Previsões discute a evolução da economia
Crescimento, poupança e investimento foram tratados na reunião da Carta de Conjuntura
A reunião da Carta de Conjuntura do Ipea foi promovida pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada nesta sexta-feira, dia 14. O encontro ocorreu na unidade do Instituto no Rio de Janeiro e discutiu o rumo da economia brasileira.
O coordenador do Grupo de Análise e Previsões (GAP), Roberto Messenberg, foi o mediador. Ele disse que o objetivo do encontro é saber se o País pode evoluir para o crescimento sustentável de longo prazo. “Os trabalhos de pesquisa do GAP revelaram entraves para a trajetória de crescimento sustentável da economia no longo prazo”. Segundo o coordenador, a preocupação do Brasil deve ser o investimento, e não a poupança.
Os palestrantes foram o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa; o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) Julio Sergio Gomes de Almeida; e o economista-chefe do Unibanco e professor da PUC-Rio, Ilan Goldfajn. O debate esteve centrado em poupança, investimento, crescimento e inflação.
Nelson Barbosa destacou o papel do investimento e lembrou que essa variável está crescendo. “Antes da crise houve uma aceleração do crescimento. Hoje, a proposta de crescimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é de 5%. E a do PAC 2 é entre 5,5% e 6,5%”, disse. O secretário lembrou que entre 2001 e 2004 a poupança subiu, motivada pela mudança cambial, e, não fosse pela crise, a taxa de investimento no Brasil chegaria a 21%. “Em 2008, tivemos queda na poupança, e no ano passado ela caiu junto com o investimento”, completou.
O economista Ilan Goldfajn analisou a conjuntura brasileira e elementos da conjuntura internacional que têm afetado o Brasil no curto e no longo prazos. “Antes de tudo é necessário entender o mundo pós-crise. Em todas as crises, os tremores são sentidos depois. Se o mundo quiser voltar a crescer, os emergentes terão de puxar o crescimento, porque os Estados Unidos não voltarão a ser o que eram. E a dívida da Europa, além de ser elevada, continuará a crescer”, afirmou. “O Brasil obteve o terceiro maior crescimento do mundo se somarmos 2009 e 2010. Isso prova que nos mantivemos estáveis na crise.”
Último a se pronunciar, Julio Sergio Gomes de Almeida complementou os temas debatidos. O economista disse que o Brasil está preso ao modelo atual, e que a base de consumo ainda é baixa. “O governo Lula resgatou o mercado interno e a ideia de planejamento com investimento público. Não transitamos num modelo sustentável, pois deveríamos transitar com uma poupança pública maior”, disse. Gomes de Almeida acredita que um modelo com investimento público carregando o privado é uma alternativa. “A ideia do planejamento com investimento público nos faz pensar não num modelo asiático, mas num brasileiro.”
Foto: Jorge Nunes