Países em desenvolvimento lideram o crescimento mundial no pós-crise
Publicado em 12/05/2010 - Última modificação em 22/09/2021 às 04h35
Países em desenvolvimento lideram o crescimento mundial no pós-crise
Estudo do Ipea sobre o desenvolvimento do Brasil e a nova divisão internacional do trabalho é apresentado na Câmara dos Deputados
Pela primeira vez, não são mais os países desenvolvidos os grandes responsáveis pela saída da crise e pelo crescimento. Enquanto estes contribuíram 24% para o crescimento mundial em 2008, os países em desenvolvimento representaram quase 76%. Dois terços desse crescimento foram dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China).
Esses dados, que constam na publicação Brasil Estado de uma Nação, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foram apresentados nesta quarta-feira, dia 12, pelo presidente do Instituto, Marcio Pochmann, na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
Pochmann mostrou que há um movimento de concentração das indústrias nos países em desenvolvimento. "A discrepância de qualificação de mão de obra deixa de ser significativa entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento com os avanços na escolaridade", afirmou.
O presidente do Ipea explicou que houve uma transformação no comércio exterior do País, com a ampliação do número de parceiros do Brasil, das relações sul-sul, e a busca por sair da dependência com os países desenvolvidos.As empresas brasileiras que passaram a exportar aumentaram de 17 mil, em 2003, para 24 mil, em 2010. Apesar desse crescimento, esse universo ainda é pequeno e não chega a 1% das empresas.
Pochmann alertou que o comércio ainda está muito concentrado nos grandes empreendimentos. ?Precisamos de políticas sofisticas para estimular pequenas e médias empresas. A sustentação do crescimento depende da ampliação da capacidade produtiva, por isso o financiamento é estratégico?, defendeu o presidente do Ipea ao lembrar que o Brasil tem 190 milhões de habitantes, menos de 170 bancos e 500 municípios sem agência bancária,ou seja, não existem bancos que financiem a agricultura familiar e as pequenas e médias empresas.