Seminário também analisou transporte, energia e ciência
Publicado em 04/12/2009 - Última modificação em 22/09/2021 às 04h54
Seminário também analisou transporte, energia e ciência
Pesquisadores e autoridades do governo brasileiro discutiram formas de acelerar o desenvolvimento da região amazônica
Foto: Sidney Murrieta![]() |
Hélio Shinoda, do MME, falou sobre a aplicação do Luz para Todos na Amazônia |
Durante o segundo bloco do seminário Potencialidades Econômicas da Biodiversidade Amazônica: Desafios e Oportunidades foram discutidas as questões do transporte e da energia na região, além de políticas e projetos de ciência e tecnologia e o uso de fundos constitucionais.
O evento foi promovido pela Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na terça-feira (1). Hélio Shinoda, diretor do Ministério de Minas e Energia (MME), palestrou sobre a aplicação do programa Luz para Todos na Amazônia. Desde 2003, o programa leva energia elétrica para comunidades no meio rural, em regiões isoladas ou de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ele atende famílias de baixa renda.
Aumentando a qualidade de vida dessas famílias, o programa contribuiu com a diminuição do fluxo migratório para os centros urbanos e gerou empregos diretos e indiretos. Isso fez com que as pessoas permanecessem em suas comunidades, estendendo, até 2010, a execução do programa na Amazônia.
Até ano que vem, o programa pretende beneficiar 15 milhões de pessoas. Por volta de 90% dos beneficiados indicaram aumento da qualidade e vida e melhorias das condições de trabalho e moradia.
Problema social
Dr. Rubem Souza, pesquisador da Universidade Federal do Amazonas, ressaltou que a falta de energia elétrica também prejudica a execução de medidas públicas nessas regiões carentes. Ele explicou que, no Brasil, os tributos sobre energia são arrecadados e aplicados apenas na região onde ela é consumida - e não onde é produzida. Portanto, regiões como a amazônica são prejudicadas.
Souza disse que o problema de desenvolvimento na região amazônica é inerente à questão elétrica, mas ele acredita que outros setores também podem ser abordados pelos programas do governo. "Estamos diante de um problema social, talvez esse assunto não caiba apenas ao MME." Como solução, o pesquisador apontou que os modelos de produção elétrica voltados para a Amazônia devem apostar no uso associado de recursos hídricos locais, de tecnologias sustentáveis, e interligar iniciativas como o Luz para Todos a outros programas de estruturação do governo.
Já Estevão Monteiro de Paula, coordenador do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa), citou que 8% do PIB brasileiro vêm do Norte, mas seu retorno para a região é mínimo. Ele também explicou que 70% dos estudos sobre o bioma amazônico não são produzidos pelo Brasil e que o governo deve gerar estímulos, diretamente na região, para o desenvolvimento da área de ciência e pesquisa.
O seminário seguiu com apresentações do Fundo Amazônia, programa coordenado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e de programas de estratégias e investimento do Ministério da Ciência e Tecnologia.