Seminário aborda o desenvolvimentismo no Brasil

Seminário aborda o desenvolvimentismo no Brasil

 

Ricardo Bielschowsky, economista da Cepal e professor da UFRJ, falou sobre o pensamento desenvolvimentista no País

A Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), promoveu nesta quarta-feira, dia 28, o seminário Evolução e Estado Atual do Pensamento Desenvolvimentista no Brasil, que teve como palestrante Ricardo Bielschowsky, economista da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Bielschowsky abordou a teoria desenvolvimentista, que defende a participação do Estado na condução do desenvolvimento econômico, por meio do desenho e implementação de estratégias e políticas. Neste contexto, propôs a agenda de uma nova estratégia de desenvolvimento para o Brasil, que abordaria os seguintes pontos: dinâmica do crescimento (ritmo e composição setorial do investimento, adoção de novas tecnologias); combinação entre mercados interno e externo e inserção internacional; mercado de trabalho; perfis distributivos e de consumo; agentes do investimento; financiamento; e outros (meio ambiente, território etc).

Para ele, houve uma mudança significativa na forma de desenvolvimento no País, pois antes se fazia crescimento com concentração de renda e, atualmente, isto é feito com redistribuição de renda. Esta redistribuição acontece via consumo das massas, que faz com que a roda da economia gire. Em complemento a isso, Bielschowsky afirma que há em discussão no Brasil sete grupos de formulações sobre desenvolvimentismo, que passam por pontos essenciais como reforma, crescimento com redistribuição, inovação e competitividade, infraestrutura, integração territorial, combate à pobreza e à concentração de renda e sustentabilidade da natureza.

Correntes distintas
O economista ressaltou ainda que há no Brasil duas correntes desenvolvimentistas principais, a ortodoxa e a heterodoxa, não existindo ainda um projeto ideologicamente hegemônico. Observou também que nas últimas décadas a discussão sobre o futuro foi dominada pela pergunta sobre como dar sustentação macroeconômica para um novo ciclo de crescimento a longo prazo. Assim, o debate sobre as questões do desenvolvimento (padrões e estratégias) começou a ser mais sistemático, até a crise atual.

Bielschowsky concluiu dizendo que para que se forme um pacto social, e eventualmente um novo paradigma desenvolvimentista, é necessário crescer de forma contínua por vários anos. Contudo, crescimento econômico com melhoria distributiva não encerra a questão. A agenda proposta deve incluir avanços em muitos outros campos: democracia substantiva (cidadania), segurança do indivíduo, diversidade cultural, preservação ambiental, harmonia territorial, dentre outros.