Economia cresce no segundo trimestre de 2009

Economia cresce no segundo trimestre de 2009

Carta de Conjuntura apresenta dados da recuperação econômica; mas indústria ainda reage lentamente

"A economia brasileira atravessa um período de absoluta tranquilidade em vista da dimensão da crise internacional". A frase do coordenador do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messenberg, resume a tônica do boletim Carta de Conjuntura de setembro.

Acompanhado pelo diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto, João Sicsú, o técnico do Ipea apresentou no Escritório da Presidência da República em São Paulo dados sobre a recuperação da economia no segundo trimestre de 2009, algo já aguardado, segundo os economistas.

"Tivemos um colapso da taxa de investimento do terceiro para o quarto trimestre de 2008, o que fez a produção industrial despencar. A crise do ponto de vista doméstico é da indústria. A economia se segura pelo serviço, pela demanda, pelas exportações", afirmou Messenberg.

Com crescimento já no segundo trimestre de 2009, a economia saiu da classificação técnica de uma recessão - dois trimestres de crescimento negativo, no caso, o último trimestre de 2008 e primeiro trimestre de 2009. A taxa de desemprego em todo o período foi um dos destaques.

Empregos
"Temos uma taxa de desemprego em torno de 8%, considerada bastante aceitável para um período de recuperação econômica. Empregos formais crescem mês a mês de forma bastante positiva. Não tínhamos esse dado quando elaboramos a Carta de Conjuntura, mas, em setembro, foram criadas 250 mil vagas, metade delas no segmento mais atrasado no processo de recuperação, a indústria", ressaltou João Sicsú.

Ainda assim, a indústria, segundo Messenberg, eliminou no acumulado do ano 61 mil postos de trabalho. A Carta de Conjuntura trouxe números sobre inflação, finanças públicas, crédito e setor externo. "A redução da fragilidade externa do País, nosso calcanhar-de-aquiles, foi crucial para a retomada", disse Messenberg.

O diretor Sicsú destacou também a posição favorável do Brasil quanto às suas finanças públicas. "Nossas receitas caíram em relação a 2008, mas era esperado, na medida em que em 2009 o crescimento seria menor. Mas nosso déficit nominal acumulado é da ordem de 3%, o que é confortável, em vista das medidas anticíclicas tomadas pelo governo."

Já a previsão do Ipea para o crescimento do PIB se mantém entre 0,2% e 1,2%. "Mas estamos agora muito mais próximos de 1,2%", frisou Sicsú.

Leia a Carta de Conjuntura

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