Crise afetou de forma desigual as regiões brasileiras
Publicado em 13/08/2009 - Última modificação em 22/09/2021 às 05h05

Comunicado da Presidência analisa a propagação da crise nas cinco regiões do Brasil
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Comércio Exterior, Difusão Inter-Regional da Crise Internacional no Brasil e as Perspectivas foi o tema do 26º Comunicado da Presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na quinta-feira, dia 13, em Brasília. No documento, a crise mundial foi analisada segundo os seus diferentes impactos nas regiões do Brasil. Liana Carleial, diretora de Estudos Regionais Urbanos (Dirur) do Instituto, iniciou a apresentação dizendo que "a crise se instalou inicialmente na região Sudeste e foi se disseminando pelas outras regiões do país".
No período de janeiro a julho de 2009 foi observada a diminuição das exportações brasileiras, sobretudo as de produtos industrializados, devido à crise que se iniciou nos Estados Unidos. Isso impactou, num primeiro momento, a região Sudeste do Brasil, afetando em cadeia as demais localidades. Rodrigo Pereira, coordenador de Estudos sobre a Crise, observou, no entanto, que regiões do país foram atingidas de forma diferenciada pela crise. "O nosso objetivo é investigar o padrão espacial da propagação da crise".
A queda na produção industrial do estado de São Paulo, por exemplo, foi maior do que a média nacional. Isso se deve à maior integração da região Sudeste com o resto do mundo. Segundo Pereira, "o impacto da crise que atingiu a região Sudeste afetou indiretamente as outras regiões". Isso explica as maiores taxas de queda na produção industrial em estados como Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. O Nordeste foi a região que menos sofreu com a queda na produção na região Sudeste, o que seria um sinal de menor integração.
Recuperação
Os dados de maio de 2009, última observação até a elaboração do estudo, apontam para uma recuperação da produção industrial no Brasil em todas as regiões. Para Marcelo Piancastelli, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, nessa crise, o Brasil apresenta a maior resistência às diversidades vindas do exterior. "Iniciada a crise, tivemos redução no emprego e na renda, porém, o impacto sobre as classes menos favorecidas ou na renda foi menor, até porque a inflação continuou baixa", enfatizou. Para o técnico, o fato de as reservas internacionais não terem sido abaladas, a inflação estar sobre controle e a relação dívida/PIB manter-se estável são fatores extremamente favoráveis em relação às crises anteriores enfrentadas pelo Brasil.
Piancastelli disse ainda que o mercado interno aquecido, por meio de medidas anticíclicas e políticas sociais do governo, e a exportação de commodities, com o aumento das exportações para a China, foram responsáveis pelo menor impacto da crise internacional no país.
O Comunicado da Presidência nº 26 teve transmissão on-line pelo site www.ipea.gov.br, sendo acompanhado por jornalistas de todo o país.