Chineses que vivem na zona rural apoiam mais o regime
Publicado em 12/08/2009 - Última modificação em 22/09/2021 às 05h06
Publicado em 12/08/2009 - Última modificação em 22/09/2021 às 05h06
Presidente do Instituto de Sociologia da China afirma, no Ipea, que trabalhadores do interior são os mais satisfeitos com o governo
Os trabalhadores migrantes da China trabalham mais e ganham menos do que os trabalhadores urbanos, mas acreditam no crescimento econômico como oportunidade de progredir e beneficiar os melhores profissionais. Essa é uma das conclusões da pesquisa apresentada pelo sociólogo chinês Li Peilin durante o seminário "Migração de trabalhadores e transformação social na China", realizado nesta quinta-feira, dia 30, na sede do Ipea em Brasília.
Li Peilin atua nas áreas de pesquisa de organização de empresas, estratificação social, reforma institucional e desenvolvimento da China. Desde 1995, tem lançado várias publicações sobre as transformações socioeconômicas pelas quais o país asiático vem passando. Seu último trabalho, Nova sociologia chinesa, foi traduzido e publicado na França.
Segundo o sociólogo, os trabalhadores urbanos da China são beneficiados por uma legislação que lhes permite cumprir uma jornada de oito horas diárias e ainda ter garantias de aposentadoria. Embora ingressem no mercado informal, sem qualquer tipo de garantia, quando chegam às cidades os migrantes das zonas rurais não entram em qualquer desacordo com o governo, pois veem o crescimento econômico como o criador de oportunidades para melhorias individuais.
"Os migrantes são mais satisfeitos com o governo", disse Li. Sua pesquisa apontou que eles têm grande crença na força da economia e no sucesso individual. Para eles, disse o pesquisador, "é o progresso da economia que oferece oportunidades; se a pessoa não está em melhor posição, o problema é dela".
A pesquisa mostra que esses trabalhadores têm baixo nível educacional, perspectivas menores em relação ao futuro e carecem de senso de direito e participação política. No entanto, eles não se veem como uma classe mais baixa. Na interpretação dos dados apresentados, o sociólogo concluiu que os chineses acreditam em igualdade e melhoria de qualidade de vida para todos, mas que é mais fácil satisfazer os migrantes do que os trabalhadores urbanos, com maior nível educacional.
"Os migrantes têm senso maior de subordinação e são insensíveis aos conflitos de interesses dentro de grupos sociais", observou Li, doutor em sociologia pela Université de Paris - Sorbonne, presidente e pesquisador sênior do Instituto de Sociologia da China.