Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães elogia resistência do Brasil à crise

Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães elogia resistência do Brasil à crise

Secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, afirma no Ipea que o País evitou consequências dramáticas e lista as prioridades da política externa

O 8º Seminário Trajetórias de Desenvolvimento, realizado nos dias 24 e 25 de junho no auditório do Ipea, em Brasília, foi encerrado pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores. Em sua palestra, Guimarães afirmou que o Brasil conseguiu evitar consequências drásticas da crise econômica internacional "graças à resistência patriótica de muitos".

O embaixador creditou aos trabalhadores, aos empresários e aos administradores públicos o fato de País figurar hoje entre as dez economias do mundo. "Se elaborarmos três listas com as dez maiores nações em território, população e Produto Interno Bruto (PIB), apenas três países constarão em todas as relações: Estados Unidos, China e Brasil", afirmou.

Segundo Guimarães, o sistema internacional enfrenta várias crises simultâneas que, em breve, vão compor "a maior crise de todos os tempos". Entre esses desafios que despontam, ele relacionou a crise ambiental, a crise energética, a crise de alimentos (ou de pobreza), a crise política (necessidade de maior acomodação de potências emergentes em mecanismos de governança mundial) e a crise ideológica.

Sobre esta última, o secretário-geral do Itamaraty lembrou que, de acordo com o pensamento neoliberal herdado de Ronald Reagan e Margaret Thatcher, "todos os males do mundo decorriam da intervenção do Estado na economia". "Hoje, temos uma situação em que aqueles que adotaram essa teoria se veem obrigados a adotar políticas totalmente diferentes, promovendo subsídios de todo o tipo e maior intervenção", acrescentou Guimarães.

O embaixador listou as prioridades da política externa brasileira. Em primeiro lugar, aparecem a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), com e inclusão do Brasil como membro permanente, e a relação com as nações vizinhas, visando à integração regional. Em segundo lugar, está a relação com outros países emergentes, como China, Índia e África do Sul. Depois, por ordem de preferência, vêm os contatos com nações africanas, com aquelas altamente desenvolvidas (especialmente Estados Unidos e Europa), e com os asiáticos.

Antes de Guimarães, a professora Lenina Pomeranz, da USP, explicou o modelo de desenvolvimento russo. Ela destacou que o impacto da crise global em municípios russos estão trazendo um elemento novo à política interna - a necessidade de descentralização do poder para solução desses problemas locais e de fortalecimento do federalismo. Já os professores Paula Pedroti (FGV/SP) e Ricardo Mendes (Prospectiva Consultoria) apresentaram a estratégia alemã de desenvolvimento.

Convidados pelo Ipea, especialistas analisaram no 8º Seminário Trajetórias do Desenvolvimento modelos de enfrentamento da crise mundial e de avanço em políticas socioeconômicas referentes a dez países. O evento foi transmitido on-line pelo site do Instituto.